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domingo, 26 de dezembro de 2010

Manu Karsten

Por Elliana Garcia / Fotos: Demetrio Koch





Linda, simpática e corajosa. A veterinária Manu Karsten, de 36 anos, não tem medo de nadar com tubarões, entrar numa jaula com onças ou se embrenhar em matas e florestas ao redor do mundo para ficar o mais perto possível de bichos selvagens e perigosos. Mas, acreditem, a sua coragem cai por terra se na sua frente aparecer uma barata. Conheça um pouco mais da história da apresentadora do quadro “Selvagem ao Extremo”, do Domingo Espetacular, da “Rede Record de Televisão”.



Conte-nos um pouco de sua trajetória.



Sou formada em medicina veterinária e fiquei mais voltada para a área de cavalos. Um amigo me convidou para fazer um programa de tevê pela internet, para falar sobre meio ambiente. Depois, substitui uma apresentadora, enfocando a área de variedades. A “TV Câmara” de São Paulo me convidou para fazer um programa sobre meio ambiente e ações públicas. Trabalhei lá por 1 ano. Depois fiquei 2 anos no SBT e estou na Record há 1 ano. Trabalhar na tevê aconteceu meio que por acaso, pois o meu sonho desde criança sempre foi ser veterinária.



Você é uma mulher muito bonita, simpática, mas não utiliza sua beleza para estar na televisão. Por quê?



Algumas pessoas acham que eu me arrumo demais para as reportagens. Mas o que eu acho é que a vaidade na tevê é muito forte e algumas pessoas quando conseguem alguma coisa perdem a naturalidade. Hoje tenho uma oportunidade muito boa na televisão e estou super feliz com isso. Mas não me preocupo muito com o visual. O cinegrafista é que às vezes me fala para dar uma ajeitada no cabelo. Prefiro fazer um bom trabalho. E quando a gente vai para o meio do mato fazer matérias, a questão da vaidade fica em último plano. Para onde eu vou e o tipo de matéria que faço não dá para parar e retocar a maquiagem.



O que não pode faltar no seu kit de viagem?



Uma boa lanterna, cantil de 1 litro, lanterna de cabeça e o inseparável gancho que pega cobra. Caso apareça alguma no caminho, utilizo esse gancho para trazê-la para perto de mim.



Você não tem medo de cobra?



Admiro o jeito da cobra. Elas exercem certo fascínio sobre mim. É um bicho maravilhoso. No pantanal encontrei uma sucuri de 5 metros que se enrolou no meu pescoço. Nossa, foi incrível.



Você não tem medo de nenhum bicho?



Medo não, eu tenho pavor de baratas. É a única coisa que me põe medo e uma vez quase que não consegui fazer uma reportagem com morcegos por conta de algumas delas.



Quais os desafios que você enfrenta para fazer matérias com animais?



A gente vai atrás do bicho mesmo. Andamos várias horas por dia. O cansaço físico é sempre muito grande, lugares muito quentes, florestas tropicais, e sem saber se vamos encontrar os bichos. Vamos para o meio da mata e não tem como marcar um horário com o bicho. É diferente de outros tipos de matéria. Então, demanda tempo. Cada viagem que fazemos normalmente demora entre 10 e 13 dias. Há bichos que só podemos encontrar à noite, então, temos que ficar de tocaia. Ficamos acampados em barracas, tomamos banho de rio. Mas no final tudo dá certo.



Já passou algum perigo em alguma reportagem?



Sim. No Amapá, num criadouro do Ibama, entrei em uma cela de macaco-aranha. Lá havia duas fêmeas e um macho. Uma das fêmeas veio correndo me abraçar. Só que percebi que havia formigas na minha roupa e saí correndo do recinto deles para me livrar das formigas, pois as picadas doíam muito. Quando retornei, mais uma vez a macaca veio me abraçar. Quando ela me soltou, o macho estava furioso. Ele pegou no meu cabelo, me sacudiu e começou a me bater. Me jogou na grade e quando percebi que ele queria atingir meu rosto coloquei o braço na frente para tentar me defender. Levei várias mordidas e uma delas foi bem grave, levei 7 pontos. Tive que ir para o hospital, que ficava a 1 hora de distância. Meu braço doeu muito, infeccionou, mas mesmo assim, não quis ir embora. Era a minha primeira reportagem e eu queria voltar com a reportagem pronta. Em outra situação um filhote de onça mordeu o meu pescoço. É claro que ele estava brincando, mas poderia ter sido sério.



Muita gente coloca a culpa nos animais quando acontecem acidentes. Você partilha dessa opinião?



Quando há acidentes assim não é o bicho que tem culpa. Eu tenho muito respeito pelos bichos, e para fazer esse tipo de matéria é preciso observar os sinais que eles emitem. Quando conseguimos entender esses sinais, nos aproximamos mais deles. A minha intenção nunca foi perturbar, e sim aproximar as pessoas das casas desses animais, muitos deles em extinção. Conhecer é o primeiro passo para amar.



Qual o bicho mais exótico que você conheceu?



Madagascar é um lugar incrível para fazer matérias, e só lá há os lêmures, que é um bichinho lindo, que foi retratado no filme “Madagascar”. Eu simplesmente fiquei apaixonada por eles. Lembro de um que tinha cara de morcego, orelha de morcego, uma mão que parecia graveto, ele era horroroso. Foi o bicho mais esquisito que já vi e ao mesmo tempo mais lindo. Outro inesquecível foi um camaleão que se camuflou da cor do meu cabelo. E o diabo da Tasmânia, que é lindo, maravilhoso, e super carinhoso.



Como é a reação das pessoas quando te veem se embrenhar no meio da mata atrás de animais dos quais muita gente quer distância?



Antes me olhavam com desconfiança. “Será que ela vai mesmo?” Depois que fui mostrando o meu trabalho, fui ganhando respeito, e hoje a recepção é de carinho, reconhecimento.



Quais as estratégias que você utiliza para que tenha êxito em uma matéria?



Em primeiro lugar sou muito bacana com as pessoas, com a equipe e ouço todo mundo. Com isso, rola uma sintonia muito boa. Eu também imagino muito. Lidar com bichos é usar a inteligência. O que eu preciso fazer? Pegar um jacaré na unha? Não. De que forma posso interagir com esse bicho sem que ele me ataque. Daí, utilizo estratégias com cada um, para me sair bem na reportagem.



Quando você não está na selva o que gosta de fazer?



Não gosto muito de sair, prefiro ficar em casa com o meu marido, vendo filmes, lendo um livro. Sou casada há 2 anos e meio e ele sofre muito quando vê as minhas matérias com onças, cobras. Mas é o meu trabalho, e como diz o nome do quadro, “selvagem ao extremo”.



FONTE: ARCA UNIVERSAL

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