Por Carlos Gutemberg
A maçã é um alimento constantemente associado ao fruto proibido, do qual Adão e Eva comeram no Jardim do Éden, contrariando as orientações de Deus dadas a eles. Tal associação, no entanto, não tem qualquer embasamento bíblico.
Apesar dessa imagem negativa, a maçã é uma das frutas mais populares do mundo, e agrada a quase todos os paladares. É uma fruta bastante resistente, o que facilita o seu manuseio e transporte até os mercados consumidores. Além disso, quando refrigerada pode durar um longo tempo sem estragar, podendo até ser colhida numa estação para ser consumida em outra.
“Do ponto de vista nutricional, a fruta trás várias vantagens para aqueles que a consomem, pois não é muito calórica. Cada 100 gramas de maçã possuem entre 56 e 60 calorias, capazes de fornecer uma boa quantidade de carboidratos. Além disso, ela é fonte de vitaminas A, C e do complexo B (B1, B2, B3); minerais como potássio, fósforo, sódio, magnésio e cálcio também estão entre os seus nutrientes”, explica a nutricionista Solange de Oliveira Saavedra, gerente técnica do Conselho Regional de Nutrição-3, de São Paulo.
Além desses compostos mais conhecidos, as várias pesquisas feitas com a maçã têm constatado que a fruta apresenta outras substâncias com propriedades funcionais, que podem contribuir muito para a qualidade de vida das pessoas. São os chamados fitoquímicos ou fitonutrientes.
São diversos os tipos de fitoquímicos, sendo que aqueles responsáveis pela coloração, sabor e cheiro dos alimentos têm a característica de serem benéficos à saúde humana. Muitas pesquisas levam a acreditar que esses compostos reduzem o risco de ocorrência de vários problemas crônicos, incluindo doenças cardiovasculares e alguns tipos de câncer. Essas substâncias são encontradas com facilidade em frutas, vegetais, grãos, sementes e chá verde.
“Embora a maçã contenha vitaminas consideradas antioxidantes (A e C), os pesquisadores têm observado que a vitamina C contida na fruta corresponde a uma pequena parte dessa atividade antioxidante. Os fitoquímicos (flavonoides e quercetina) da maçã parecem ser os grandes poderosos nessa ação. A combinação deles desempenha um papel muito importante na atividade antioxidante e anticancerígena”, ressalta a nutricionista.
Também se encontra na maçã um tipo de fibra solúvel gelificante, denominada pectina, que age, principalmente, sobre gorduras e carboidratos (açúcares). A pectina auxilia na redução do colesterol no sangue, em especial o mau colesterol (LDL), impedindo a absorção dele e de outros tipos de gorduras.
“Com relação aos carboidratos, a pectina tem se mostrado eficaz no controle da glicemia, dificultando a absorção da glicose, o que é muito bom para todos, principalmente para os diabéticos. Essa ação de impedir a absorção de parte das gorduras e dos carboidratos também ajuda a quem quer perder peso. Além disso, o teor de fibras insolúveis contidas na fruta (inteira) provoca uma sensação de saciedade, já que esse conteúdo fica retido por mais tempo no estômago”, atesta Solange.
Com casca é melhor
Há outros benefícios sendo constatados por pesquisas com relação ao consumo de maçãs, incluindo a prevenção de vários tipos de câncer, doenças cardiovasculares, redução do risco de desenvolvimento de diabetes tipo 2 e na incidência de derrames.
“Vale ressaltar que, apesar do suco e do purê da fruta conterem fitoquímicos, a quantidade é maior na fruta in natura. E, para conseguir aproveitar mais ainda essas substâncias, obtendo todos os benefícios que a fruta é capaz de proporcionar, recomendamos consumi-la com casca e pelo menos uma vez ao dia”, orienta o nutricionista Jaime Amaya Farfán, da Faculdade de Engenharia de Alimentos da Universidade de Campinas (Unicamp), no interior de São Paulo.
Os componentes de flavonoides que existem na casca são interessantes, mas poucas pessoas a consomem. Há estudos que mostram que eles agem inibindo a progressão de tumores, especialmente os mamários.
“Estamos na época dos alimentos funcionais, que eu defino como um momento em que deixamos de falar e pesquisar sobre a composição clássica dos nutrientes, como também da parte comestível dos alimentos, para passarmos a falar da casca e de outras coisas que não são aproveitadas. Nessa nova fase, a nutrição não é mais vista apenas de forma momentânea, mas consideram-se os seus benefícios para dez, vinte ou trinta anos”, afirma Farfán.
A ingestão da maçã também protege contra a ação dos raios solares, pois é um alimento rico em compostos fenólicos como os flavonoides e os carotenoides. Sem a presença dos carotenoides nas plantas, por exemplo, elas seriam consumidas pelo sol.
FONTE: ARCA UNIVERSAL
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