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quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Gustavo Reiz, autor da minissérie Sansão e Dalila

Por Elliana Garcia / Fotos: Michel Angelo





Ele começou a carreira aos 12 anos, como ator. Aos 13, a letras começaram a ganhar forma através de suas mãos, o que resultou em quatro livros publicados. Com a arte correndo nas veias, ele ainda apresentou um programa de tevê, foi colaborador de novelas e agora assina o seu primeiro trabalho solo na televisão: a minissérie bíblica “Sansão e Dalila”. Em entrevista ao Portal Arca Universal, Gustavo Reiz, de 29 anos, nos conta como foi adaptar essa história e convida o público a se juntar ao povo hebreu e embarcar numa jornada incrível, com muitas situações fortes e marcantes na minissérie de 18 capítulos, que estreia em 4 de janeiro, às 23h, pela “Rede Record de Televisão”.



Como surgiu a oportunidade para escrever “Sansão e Dalila” e há quanto tempo você começou a trabalhar neste projeto?



Recebi o convite do diretor de teledramaturgia da emissora, Hiran Silveira, para desenvolver essa sinopse e aceitei de imediato. Sansão e Dalila já fazem parte do imaginário popular. Quem não conhece a história do guerreiro de força incomum que perde as forças ao ser traído pela mulher que amava? Já conhecia as adaptações, mas quando li o original fiquei muito instigado em contar essa história e também apresentar algo inédito ao público, num enredo mundialmente conhecido. Comecei a pesquisar em dezembro de 2009, e foram 2 meses até a elaboração da sinopse e o começo do desenvolvimento dos capítulos.



O que foi mais difícil na adaptação?



Por mais que a trajetória de Sansão seja descrita de forma muito detalhada na Bíblia, com passagens emocionantes e de grande impacto, é uma história que se passa em 1100 a.C. (antes de Cristo), o que requer muita pesquisa. E mesmo com tantos detalhes, essas passagens não seriam suficientes para sustentar uma minissérie, no número de capítulos desejado e no ritmo a que o telespectador está acostumado. Precisava criar tramas paralelas, de acordo com o contexto da época e de forma que não alterassem a mensagem do original, pelo contrário, que a reforçassem. As distâncias entre as cidades também mereceram atenção especial. Levava-se de dois a quatro dias para ir de um local a outro, e Sansão é um personagem que deixa a sua tribo e transita por vários locais diferentes. Como optei por fazer um paralelo entre as vidas de Sansão e Dalila, além de outros personagens, o mais difícil foi lidar com essas distâncias e respeitar o tempo das viagens, de modo que as tramas pudessem se desenvolver e as andanças de Sansão não se tornassem momentos repetitivos e monótonos para o telespectador.



As histórias bíblicas são interpretadas de várias formas. Como você chegou ao meio termo, sem ferir a interpretação profunda bíblica?



Li a história de Sansão em diversos textos, de diversas religiões. O cerne da história é o mesmo, o que muda são detalhes de tradução. Sansão é um homem que recebeu uma importante missão de Deus, mas que se deixou seduzir pelos próprios instintos e paixões e se desviou de seu caminho, sofrendo as consequências por suas escolhas. Como todo texto bíblico, a história desse juiz do povo hebreu possibilita muitas interpretações. Por isso, tive a preocupação de me manter fiel ao original, apresentando a trajetória de Sansão exatamente como está na Bíblia, com riqueza de detalhes e até mesmo com passagens pouco representadas em outras adaptações audiovisuais, mas que estão nas Sagradas Escrituras. Como telespectador, não costumo gostar de adaptações que alteram muito a história que serve de base, acho que isso frustra quem já conhece aquela trama. Principalmente uma história bíblica, que serve de referência para gerações e gerações. O objetivo dessa adaptação não é julgar nenhum personagem, muito menos justificar seus atos, mas sim apresentar uma bela história ao telespectador, para que ele faça suas próprias interpretações.



O que mais te encantou nesta história?



A narrativa dinâmica e a possibilidade de valorizar o aspecto humano dela, com personagens muito fortes e cheios de conflitos. Desde o início, a história é muito emocionante, quando um mensageiro de Deus aparece para uma mulher estéril e anuncia que ela terá, finalmente, um filho (leia Juízes 13.3), e que esse menino começaria a libertar o povo hebreu da opressão dos inimigos filisteus. Sansão já nasce com uma grande responsabilidade e com uma enorme expectativa em torno de si, embora tenha dificuldades para compreender a sua missão. Ao mesmo tempo em que possui uma força incomum, devido ao voto que tem com Deus, Sansão também possui suas fraquezas, como a atração pela mulher do povo inimigo. A busca desse hebreu pelas respostas se transforma numa jornada incrível, com muitas situações fortes e marcantes, com tentações e obstáculos, que nos envolvem do começo ao fim.



Qual a cena mais emocionante, na sua opinião?



Há muitas passagens emocionantes na história. O incêndio na casa da esposa de Sansão me comoveu bastante quando li no original e quando escrevi as cenas. São acontecimentos muito tristes, muito fortes, que marcam definitivamente a trajetória de Sansão. As cenas gravadas ficaram incríveis, lindamente interpretadas pelo elenco e muito bem dirigidas. O momento em que Sansão é traído por Dalila e sofre nas mãos dos filisteus também promete emocionar bastante.



Há personagens fictícios na minissérie?



Sim. Para obter o ritmo desejado, mencionado anteriormente, optei por criar as pessoas da tribo de Sansão e também toda a trajetória de Dalila, até se tornar uma cortesã e encontrar o guerreiro hebreu. Aproximadamente 30 personagens foram criados para acentuar elementos como romance, ação, suspense e humor. Os personagens têm seus conflitos, suas histórias, independentes ou não da trama principal. Vilões em vários estágios hierárquicos, conspirações, farsas, encontros e desencontros típicos de comédia romântica também estão presentes na minissérie.



Dalila tinha poder sobre Sansão. Na atualidade você acha que a mulher tem mesmo todo esse poder sobre um homem?



Do poder das mulheres eu não tenho a menor dúvida. Mas Dalila, do ponto de vista simbólico, representa tudo que entra em nossas vidas – muitas vezes de forma bastante sedutora – para nos desviar de nossos principais objetivos. Essa é uma das reflexões que o texto bíblico nos proporciona.



De que forma essas histórias antigas podem influenciar a nossa realidade? Ou melhor, quais as similaridades dessas histórias antigas com as contemporâneas?



As histórias antigas são as grandes referências para as contemporâneas. Nas narrativas bíblicas, por exemplo, temos histórias de homens e mulheres que vivem seus conflitos familiares, situações e dificuldades pelas quais passamos até hoje e, por isso, são histórias que atravessam o tempo. As dúvidas naturais do ser humano, a busca pela fé, as relações sociais, as rivalidades, os exemplos a serem seguidos, os medos e incertezas em relação ao futuro. São histórias que falam da essência do ser humano, de seus conflitos internos. E tudo isso continua presente, não apenas nas histórias contemporâneas, mas também em nosso cotidiano, em nossas vidas.

Há outras histórias bíblicas que você gostaria de adaptar?



A Bíblia é uma fonte inesgotável de belas histórias e eu terei grande prazer em realizar outras adaptações. Gosto das boas histórias, independentemente do gênero. No teatro, sempre escrevi comédias. Na tevê, em novela, acabamos escrevendo de tudo um pouco, e é isso que geralmente tento fazer, oferecer várias possibilidades dentro da mesma história. Minha preocupação maior, enquanto autor, é fazer com que o leitor e/ou o telespectador tenha bons momentos enquanto acompanha aquela história. Que ele se envolva com os personagens, que se emocione, que se divirta, que crie expectativas e embarque naquele universo proposto.



O que o público pode esperar desta minissérie?



A minissérie está muito emocionante e é uma produção extremamente bem cuidada. Elenco de primeira, belos cenários e paisagens, qualidade técnica impecável. Em todos os capítulos teremos uma importante passagem da trajetória de Sansão, como a luta com o leão, o enigma aos filisteus, a luta com o exército de mil soldados, a retirada das portas de Gaza, a derrubada do templo dos filisteus. “Sansão e Dalila” é um trabalho que reflete bem o projeto vitorioso da teledramaturgia da “Record”. Queremos apresentar ao público um belo trabalho, com a qualidade que ele merece.



Me fale da emoção de fazer um trabalho como esse.



Ter a possibilidade de estrear como autor titular aos 29 anos, com uma produção impecável como a de “Sansão e Dalila”, é algo mais que especial. Todo o processo, em suas diferentes etapas, foi muito prazeroso. Desde as primeiras reuniões, as pesquisas para elaboração da sinopse, a criação dos personagens, das falas, dos capítulos, até ver tudo isso ganhar formas, cores e vida. É muito emocionante. Além do voto de confiança dado pelo Hiran Silveira e todo o apoio de sua equipe, tive a parceria fundamental do diretor-geral, João Camargo, e dos demais diretores, César Rodrigues e Régis Faria, o que fez toda a diferença para contarmos bem essa história. Ter atores tão talentosos dedicando-se ao máximo para dar vida aos personagens também é motivo de orgulho para qualquer autor. “Sansão e Dalila” vem como fruto de muita dedicação, muita perseverança e, principalmente, muito trabalho. Espero que os telespectadores também se envolvam e façam parte desse momento tão especial para todos nós, acompanhando a história de Sansão e Dalila, que estreia dia 4 de janeiro, às 23 horas.



FONTE: ARCA UNIVERSAL

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