Por Jaqueline Corrêa
Havia um jovem em uma aldeia conhecido por viver sozinho. Ele nunca era visto com alguém, e não se importava com os comentários alheios.
No entanto, sempre havia alguém que dizia:
– Lá vem o jovem solitário!
Mas ele não ligava, porque acreditava que os seus ouvidos estariam mais bem aguçados para ouvir somente o que realmente importava se estivesse sozinho. Por isso, enganava-se quem acreditava que o jovem era infeliz ou mesmo triste por não ter uma companhia.
Ele era muito habilidoso em tudo o que fazia, estava sempre comprometido com os afazeres da aldeia e procurava se concentrar nas pequenas coisas para não cometer erros. E justamente por isso os outros jovens implicavam com ele.
Até que um dia, um boato de que a grande represa próxima a aldeia estava se rompendo, trazendo risco para o lugar, chegou aos ouvidos dos moradores. Entretanto, ninguém acreditou, já que tudo não passava de um alarde.
Vários dias depois, uma grande festa reuniu todos os habitantes da aldeia. Era uma noite especial, afinal, todo último dia de cada mês os moradores se juntavam para celebrar as colheitas, os nascimentos das crianças e dos animais e agradecer pelas conquistas alcançadas no período.
Todos estavam em volta da imensa fogueira. As crianças gritavam e pulavam, os meninos corriam atrás dos animaizinhos e as meninas cantavam em pequenos corais. Os rapazes e moças, porém, preferiam as conversas isoladas, e os grupinhos de amigos formados flertavam entre si.
Já as senhoras gostavam mesmo é de se reunir em volta da fogueira para comentar o que uma família conquistou e outra deixou de conquistar. Nada do que falavam parecia ser algo demais para elas, e sempre havia quem lançasse um veneno deveras perigoso em suas conversas:
– Vi um vizinho saindo bem cedo nesta manhã, não sei para onde foi, nem quero saber, mas achei estranho a esposa dele não saber do seu paradeiro. Estranho, não?
E assim, esse tipo de interesse sobre a vida alheia estimulava mais e mais conversas fiadas.
Tudo, então, parecia ser normal, mas o jovem solitário parecia estranhar alguma coisa. Naquela noite, estava mais sereno do que nas demais e observava tudo de longe, já que não se interessava nem um pouco por tudo o que acontecia por ali. O jovem parecia de fato não fazer parte daquele ambiente.
De repente, Crec!
O jovem conseguiu ouvir o que todos, dias atrás, não queriam. A represa se rompeu, e dentro de minutos a água poderia chegar e inundar o lugar.
Ele gritou desesperadamente, mas ninguém o ouvia. As senhoras o olhavam, mas não o levavam a sério. Já os rapazes e moças riam dele, principalmente porque os gestos de desespero que ele fazia soavam engraçados.
No entanto, em uma fração de segundos, a água alagou toda a aldeia, o que fez a maioria se perder por entre as águas da represa.
Somente o jovem saiu ileso, porque assim que ouviu a ruptura saiu correndo e se salvou.
Para refletir
Às vezes, o silêncio é necessário para poder saber qual é a vontade Deus. E, para isso, talvez seja necessário estar sozinho. Nem sempre você será compreendido, mas é um sacrifício válido, mesmo por alguns momentos.
Se você está com dificuldades para ouvir a Voz de Deus, reflita sobre o seu comportamento. Talvez você esteja ouvindo muitas vozes bem menos importantes, e deixando de escutar o que realmente vale a pena. Deus só precisa de uma única palavra para salvar uma vida.
Se você precisa ouvi-LO, Ele precisa que esteja em silêncio para poder falar.
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