Por Jaqueline Corrêa
Pedro era um daqueles meninos difíceis de lidar, e sempre arrumava uma briga à toa com alguém. Em casa, com os irmãos mais novos, reclamava e discutia toda vez que eles simplesmente entravam em seu quarto sem bater na porta. E na escola, então, confusão nunca era demais.
Certa vez, no intervalo entre uma aula e outra, Pedro empurrou um garoto e o xingou:
– Tá cego, “mané”?! Não tá vendo o meu pé, não?! Perguntou a um garoto desatento.
O menino apenas o olhou e pediu desculpas pela desatenção.
Não conformado, Pedro repetia palavras de baixo calão ao garoto, que saiu de cabeça baixa.
Dias depois, Pedro sofreu um terrível acidente de trânsito. À noite, enquanto todos em sua casa dormiam, ele pegou o carro dos pais e saiu sem avisar.
Inconsequente, ultrapassou o sinal vermelho e bateu em cheio em um veículo que seguia no outro sentido.
Pedro estava agonizando, e o corpo em meio às ferragens tornava a sua situação ainda mais complicada. O carro atingido por ele pouco estragou, mas o motorista tampouco permaneceu ali para ajudá-lo.
Sangrando muito, Pedro já sentia uma sensação ruim de desmaio e frio, e um filme de sua vida passava por sua mente. Neste momento, ele começou a pensar na família, em sua intransigência com os próximos, nas suas rebeldias e na grosseria com a qual tratava as pessoas.
Foi aí que começou a chorar, imaginando a sua morte em poucas horas ou talvez minutos, em um lugar deserto e sem ninguém para socorrê-lo. Ele já não mais sentia suas pernas e braços, e a dor em sua cabeça era enorme.
Foi quando olhou no retrovisor e viu um homem muito sereno se aproximando. Pedro o olhou e continuou a chorar. E antes que pudesse lhe dizer alguma coisa, o homem o confortou calmamente:
– Não se preocupe, meu jovem, você vai ficar bem.
Em seguida, com muita dificuldade, tentou retirar alguns ferros retorcidos que sufocavam o rapaz. Depois, ligou para a emergência e chamou a ambulância.
Passados alguns dias, Pedro se recuperou bem e recebeu a visita de alguns amigos da escola. Ele contava a experiência ruim aos colegas quando se surpreendeu ao ver entrar no quarto o garoto a quem havia insultado no colégio.
“Ele deve estar aqui para rir de mim”, Pedro imaginou. Mas, para o seu espanto, o menino só queria saber se estava bem. Pedro, então, começou a falar do homem que o havia ajudado, e pediu ao pai que lhe trouxesse informações sobre ele – afinal, depois do acidente, não conseguiu sequer agradecer. Gostaria de falar com aquele que o tranquilizou no momento em que mais precisou.
Foi quando o garoto do colégio lhe deu a notícia:
– O homem que lhe ajudou era meu pai, e morreu assim que você deu entrada no hospital. Ele era cardíaco, por isso não podia fazer esforço. Ele sabia disso, mas mesmo assim não se importou em salvar a sua vida. Eu vim aqui lhe visitar porque, de certa forma, meu pai continua vivo em você.
Naquele momento, Pedro aprendeu que, mesmo não merecendo, conseguiu ser salvo por alguém que deu a própria vida por ele – o pai do colega de escola a quem havia maltratado. E então decidiu que, exatamente por isso, se esforçaria ao máximo para se tornar uma pessoa melhor, como forma de reconhecimento pelo esforço de uma pessoa que morreu sem ao menos lhe conhecer.
Para refletir
Você tem reconhecido o esforço de Jesus para lhe salvar? E tem compreendido que, na verdade, o que importa para Ele não é o que você é, tem ou faz, mas a intenção do seu coração em querer mudar?
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