Colaborou Neia Meneses
Em 1977 foi oficializado o Dia Internacional da Mulher, como forma de lembrar as conquistas sociais, políticas e econômicas das mulheres, mas também a discriminação e a violência a que muitas delas até hoje são submetidas em todo o mundo.
Há muitas versões para a instituição da data, uma delas é a de que 130 operárias teriam morrido queimadas em um incêndio provocado pelos patrões em uma fábrica de tecidos de Nova York, nos Estados Unidos, no dia 8 de março de 1857. O fogo teria sido ateado para reprimir uma grande greve que elas fizeram por melhores condições de trabalho. Entre as reivindicações, a redução na carga diária de trabalho de 16 para 10 horas, equiparação de salários com os homens e tratamento digno.
De acordo com Jane Bichmacher de Glasman, doutora em Língua Hebraica, Literaturas e Cultura Judaica pela Universidade de São Paulo (USP), o incêndio na fábrica têxtil foi, de forma histórica, uma confusão de fatos. “A ideia de celebrar a data surgiu na virada do século 20, no contexto da Segunda Revolução Industrial e da Primeira Guerra Mundial, quando foi incorporada a mão de obra feminina em massa. As condições de trabalho insalubres e perigosas eram motivos de frequentes protestos”, esclarece ela.
Nos Estados Unidos, a primeira celebração do Dia Internacional da Mulher ocorreu em 28 de fevereiro de 1909, por iniciativa do Partido Socialista da América, em memória destas operárias. Já em 1910, foi realizada a primeira conferência internacional de mulheres, em Copenhagem, na Dinamarca. No evento, a proposta da socialista alemã Clara Zetkin, de instituir um dia a ser celebrado no mundo todo, foi aprovada, embora não tenha sido especificada a data.
Segundo Jane, em 1910, o Dia Internacional da Mulher foi celebrado em 19 de março, por mais de 1 milhão de pessoas, na Áustria, Dinamarca, Alemanha e Suíça. A especialista explica que a manifestação das mulheres russas por "Pão e Paz" – uma outra passagem histórica também citada como referência para o Dia Internacional da Mulher –, reivindicando melhores condições de vida e trabalho e contra a entrada do país na Primeira Guerra Mundial, marcaram o início da Revolução de 1917. “Na União Soviética, durante o stalinismo, o Dia da Mulher tornou-se elemento de propaganda partidária. Já nos países ocidentais foi comemorado até a década de 1920, mas foi esquecido por longo tempo e recuperado pelo movimento feminista na década de 1960”, enfatiza.
A Organização das Nações Unidas (ONU) designou 1975 como sendo o Ano Internacional da Mulher. “Em dezembro de 1977 o dia comemorativo foi oficializado, para lembrar as conquistas sociais, políticas e econômicas, mas também a discriminação e a violência a que muitas delas ainda são submetidas em todo o mundo”, destaca Jane.
Marcos de conquistas das mulheres na história
1788: O político e filósofo francês Condorcet reivindica direitos de participação política, emprego e educação para as mulheres;
1840: Lucrécia Mott luta pela igualdade de direitos para mulheres e negros dos Estados Unidos;
1859: Surge na Rússia, na cidade de São Petersburgo, um movimento de luta pelos direitos das mulheres;
1862: Durante as eleições municipais, as mulheres podem votar pela primeira vez na Suécia;
1865: Na Alemanha, Louise Otto, cria a Associação Geral das Mulheres Alemãs;
1866: No Reino Unido, o economista John S. Mill exige o direito de voto para as mulheres inglesas;
1869: É criada nos Estados Unidos a Associação Nacional para o Sufrágio das Mulheres;
1870: Na França, as mulheres passam a ter acesso aos cursos de medicina;
1874: É criada no Japão a primeira escola normal para moças;
1878: É criada na Rússia uma universidade feminina.
FONTE: ARCA UNIVERSAL
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