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sexta-feira, 25 de março de 2011

Roberto Figueiredo, o "Dr. Bactéria"


Por Elliana Garcia / Fotos: Demetrio Koch

Ele fala de bactérias com tanto bom humor e numa linguagem tão simples que é impossível não parar e prestar atenção ao tema. Biomédico, autor de dois livros e nascido em Ribeirão Preto (interior de São Paulo), Roberto Figueiredo, de 56 anos, o “Dr. Bactéria”, como é conhecido, fala sobre os erros mais comuns que as pessoas cometem no dia a dia e ensina com gestos simples a eliminar a proliferação de microorganismos.
No próximo domingo, dia 27, Figueiredo estreia o quadro “Dr. Bactéria mudando os seus hábitos”, no programa “Tudo é Possível”, da Rede Record. Confira a entrevista exclusiva que ele concedeu ao Portal Arca Universal.
Quando surgiu esse seu interesse pelas bactérias?
Quando eu era adolescente eu sabia que ia mexer com bactérias. Gostava de biologia, e diferentemente dos meus amigos, que pediam bola ou outros brinquedos para os pais, eu pedia microscópio. A minha ideia era difundir essa área para a grande população. E há 10 anos, após escrever dois livros sobre o tema, comecei a participar de programas de televisão falando sobre medicina doméstica. O respaldo que tive do público foi tão bacana que passei a fazer dessa área uma profissão, mostrando o que está certo e errado em relação a esses bichinhos que a gente não enxerga a olho nu, mas que estão presentes em nosso corpo e a nossa volta e fazem parte do nosso dia a dia.
É verdade que a cozinha é mais suja do que o banheiro?
É verdade sim. Por exemplo, faz de conta que você está com seu filho e ele vai fazer xixi e caem dois respingos no chão. Primeiro você briga com ele e depois vai limpar o que sujou. Não tem local na casa mais limpo do que o banheiro. Claro que todo mundo faz coisa lá, mas as coisas que as pessoas fazem, tem local com água para levá-las embora. O local mais limpo é o banheiro e o local mais sujo é a cozinha.
O senhor é o inimigo número 1 daquele pano que a gente deixa dobradinho em cima da pia. Pode dizer por quê?
Esse pano que fica dobradinho em cima da pia é o amigo das bactérias, não do Doutor Bactéria. Ele tem 1 milhão de bactérias a mais do que a tampa de um vaso sanitário de um banheiro público. Ele deve ser lavado todos os dias e em vez de ficar dobrado com umidade, coloque ele para secar em local ventilado.
Quais sãos os erros mais comuns que as pessoas cometem na cozinha?
São vários. Guardar ovo na porta de geladeira, colocar detergente direto na esponja, manusear hortaliças contaminadas, embalagens, lavar carnes.
O que acontece quando a gente lava a carne?
A bactéria é um ser vivo, então, ela se prolifera em contato com a água. Quanto mais água tiver, mais bactérias fazendo a festa. Psicologicamente a pessoa acha que está limpando a carne, mas está aumentando a contaminação. A cor vermelha da carne é o sangue. A carne tem proteína, ferro, e quando ela é lavada perde-se aqueles nutrientes. Além disso, gotículas são espalhadas pela cozinha contaminando ainda mais o ambiente. Portanto, não há nenhuma vantagem em lavar a carne.
A tábua de carne de madeira é uma vilã também. Por quê?
Não só a tábua como qualquer outro utensílio de madeira na cozinha. Não existe uma fórmula de matar as bactérias da madeira. Água sanitária, água quente, nada disso mata os germes da madeira. Se você usar colher de pau para cozinhar, o calor não passa para a sua mão, como a água quente pode limpar a tábua de carne de madeira? A madeira não transmite calor e é só um reservatório de bactérias. Não é indicado nenhum item de madeira para mexer com alimentos. O indicado é de plástico.
Por que formiga é mais nojenta do que barata?
Se tiver um delicioso bolo com uma inocente formiguinha você come? Sim. E se tiver uma barata? Não. Então, se você matar uma barata e deixar no meio de sua cozinha, no dia seguinte onde foi parar a barata? Pois é, a formiga comeu. E essa formiga que comeu a barata é a mesma que vai para o bolo. Então você não pode comer a barata direto, pode comer por tabela. Por isso que a formiga é altamente contaminada.
Normalmente as pizzarias utilizam caixas de papelão para transportar as pizzas. Essas embalagens são corretas?
Existe uma recomendação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) desde 2004 de que toda embalagem para transportar alimentos que serão consumidos em pouco tempo têm de ser lisa, impermeável, lavável e resistente à umidade. Muitas vezes, o que acontece? A embalagem chega cheia de óleo, com a pizza grudada no fundo. A embalagem não pode interagir com o alimento.Tem que preservar a temperatura. Essa legislação da Anvisa é vigente em todo o território nacional. O que acontece é que ninguém sabe onde aquela embalagem foi feita. De repente a embalagem de papelão foi feita com material reciclado. Esse material pode ter sido de papel higiênico, produtos bactericidas, inseticidas. E aí?
Qual a duração de uma pizza fora da geladeira?
Se a pizza estiver na geladeira a menos de 5 graus negativos, ela pode durar em média uma semana. Acontece que as pessoas compram a pizza e deixam em cima do fogão. O limite máximo fora da geladeira é de 2 horas. O que vai em cima da pizza é presunto, muçarela, tudo que estava guardado na geladeira. Outra coisa importante é em relação às mães que fazem lanche para os filhos levar para a escola. Ela pega um pãozinho e coloca o que dentro? Queijo, presunto, embrulha em um papel alumínio e coloca dentro da lancheira, sem se dar conta de que as bactérias podem atacar o seu filho.
O que as mães podem fazer então na preparação do lanche das crianças?
Colocar o lanche em uma lancheira térmica, que manterá uma temperatura ideal até a criança comer. Muitas vezes a criança passa mal e a mãe diz que foi alguma coisa que ela comeu na escola, sem saber que na maior parte das vezes foi o que ela preparou que provocou a doença no filho. Muitas pessoas têm hábitos errados que precisam ser mudados.
E quanto aos bebês. Há algum recado para as mamães?
As mães são zelosas com os filhos por um lado: elas fervem a chupeta e a mamadeira das crianças até elas engatinharem. Depois disso, é normal elas terem contato com as bactérias para aumentarem a imunidade. Acontece que tem algo que muitas mães e pais fazem e que pode mudar a vida dos filhos: eles beijam a criança na boca. A pessoa, às vezes, tem gastriste, H. Pilory, herpes e beija na boca da criança que não tem nenhuma resistência. Se tiver herpes uma vez, terá para o resto da vida. Se ela tem isso está condenando o filho a ter a mesma doença. Então pais, façam um gesto de amor: não beije o seu filho na boca.
E o bolo de aniversário doutor, pode trazer malefícios à saúde?
Principalmente bolo de aniversário de criança. O pessoal tem o costume de assoprar várias bexigas e colocar num lugar alto, de preferência em cima do bolo. A bexiga normalmente estoura e quando ela estoura está toda molhadinha. Aquilo lá é cuspe e cai tudo em cima do bolo. Outra coisa, na hora de cantar os parabéns coloca-se um monte de crianças em volta do bolo para assoprar as velinhas. Tenta olhar contra a luz para ver os moleques assoprando, é saliva que não acaba mais. E tem aquelas velinhas que acendem e apagam, acendem e apagam. Por isso que o pessoal fala que o bolo está molhadinho. É por causa do cuspe.
Se há milhões de bactérias nas gotículas de saliva qual a forma correta de higienizar a escova de dentes, por exemplo?
Há pessoas que secam a escova com toalha e depois colocam dentro do armário do banheiro. O local onde as pessoas deixam a escova às vezes fica preto. Pois é, lá é uma colônia de bactérias. O correto é, depois de escovar os dentes, limpar bem a escova – pode passar um enxaguante bucal –, dar umas batidinhas para retirar o resíduo de água e deixar dentro de um copo com as cerdas viradas para cima. Nada de usar água sanitária ou água oxigenada para limpar a escova de dentes.
Quanto às latas de leite condensado e molho de tomate, por que depois de abertas não podemos deixar os produtos dentro delas?
 Já reparou que quando você abre uma lata com algum alimento, por dentro ela é meio dourada? Isso é um verniz, e na hora que essa lata é aberta, esse verniz estoura e em contato com os alimentos pode oxidá-los. Essa oxidação é tóxica e em contato com o nosso corpo pode causar até câncer. O correto é abrir a lata, usar tudo ou colocar num recipiente de plástico, vidro e por na geladeira. Isso é válido também para embalagens que estiverem amassadas. Por que se amassar, estoura o verniz.
E quanto ao celular, ele tem muitas bactérias?
O celular tem mais bactérias do que uma sola de sapato. Se você colocar um celular em cima da mesa enquanto está almoçando é a mesma coisa que colocar um sapato. Há pessoas que levam o celular ao banheiro e o celular toca. A pessoa pega o celular, atende e guarda. Depois lava a mão. Aí toca o celular de novo e ela pega. É como se não lavasse a mão. Sem contar que enquanto se fala ao telefone gotículas de salivas são expelidas. As gotículas de saliva têm 2 milhões de bactérias. Portanto, cuidado também ao falar no celular de outras pessoas.
Quais são os itens ou locais mais contaminados do mundo?
Primeiro o carrinho de supermercado, segundo, o mouse do computador, terceiro, o celular, quarto, os ferros de ônibus.
E o que a gente pode fazer então para não se contaminar?
Chegar em casa e lavar a mão.
É recomendável lavar as mãos quantas vezes por dia?
Se você lavar mais de oito vezes por dia, a contaminação diminui, se lavar mais de 25 vezes, pode destruir a proteção natural da pele. Entre 8 e 25 vezes é o recomendável. Passou disso é extremo.
Toalhas de banho e rosto devem ser trocadas de quanto em quanto tempo?
As de banho devem ser trocadas de 2 em 2 dias. As de rosto, diariamente.
Por que o senhor adotou esse estilo engraçado para passar informação séria?
Não é estilo não, sou eu mesmo. Mas tenho uma teoria de que o melhor jeito de levar a vida a sério é na brincadeira. Me sinto bem fazendo isso. As pessoas também se sentem bem assim. É uma forma de levar conhecimento em uma linguagem simples. Esse sou eu, não é estilo. A ideia é só mostrar como se faz a coisa certa para ter uma melhor qualidade de vida.

FONTE: ARCA UNIVERSAL

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