Alex Sampaio

Por Elliana Garcia / Fotos: Demetrio Koch

Há 2 anos o carioca Alex Sampaio recebeu o convite para trabalhar na Rede Record em São Paulo. Antes, ele fazia o Balanço Geral, no Rio de Janeiro com Wagner Montes. Aos 30 anos de idade e completando 10 de carreira, o jornalista conseguiu em pouco tempo na tevê o que muita gente demora toda uma vida para conseguir: um estilo próprio. Em entrevista ao Portal Arca Universal, Alex fala um pouco de sua história e curte o reconhecimento de colegas de profissão e também do público.

A impressão que temos é que você literalmente se joga nas matérias. Acha que esse estilo te deixa mais perto do público?

Eu gosto da linguagem chamada de “plano sequência”, que é interagir com o entrevistado, participar, comer, chorar, rir e narrar tudo o que está acontecendo enquanto está gravando. Na faculdade, meus professores brigavam comigo. Em outros trabalhos meus chefes também brigavam, mas foi exatamente esse estilo que a Rede Record gostou quando me contratou.

Nas matérias você está sempre à vontade. Nunca ficou tímido ao encarar a câmera?

Se eu te disser que sou tímido, você acredita? Pois é, sou muito tímido. Tanto que na faculdade eu fugia das aulas de telejornalismo só para não ter que enfrentar uma câmera. E sou tímido até hoje. A diferença é que agora fico um pouco mais tranquilo quando o cinegrafista começa a gravar.

Como lida então com os elogios e reconhecimento, tanto do público quanto dos colegas de profissão?

É um sentimento estranho às vezes. Quando vem um colega fazer um elogio, me parabenizar, fico feliz, pois, afinal, ele sabe o quanto é difícil conseguir um espaço e escolher uma linguagem para usar nas reportagens. Quando recebo um elogio do público também fico contente, primeiro porque é a realização do meu trabalho, e segundo porque faço o meu trabalho com o coração. Todos os dias, antes de fazer uma entrevista eu falo com Deus: “Deus, me ajuda a fazer o meu trabalho com o coração e a tocar o coração daquela pessoa que está me assistindo”. E Deus me ouve.

Seu desejo desde criança era ser jornalista?

Desde criança eu queria fazer televisão. Meus amigos iam brincar na rua, jogar bola, e eu ficava dentro de casa imaginando que tinha uma emissora de tevê. Brincava de fazer a grade de programação, criava todos os programas e novelas. Eu imaginava ser um diretor. Só na faculdade, mesmo com toda a timidez, foi que descobri que queria aparecer na televisão, ser repórter.

Recentemente você fez uma série de matérias na China. Conte-nos os bastidores destas reportagens.

Meu chefe me chamou e disse: “Olha, semana que vem você vai para a China.” Repliquei: “Como assim, eu nem falo mandarim.” (diz entre risos) Bom, passei 28 dias na China e não foi fácil. Era o lugar ao qual nunca tinha pensado em ir, mas achei fantástico, pois descobri outra cultura. Enfrentamos a distância, depois de 20 e tantas horas de vôo, chegamos e já fomos trabalhar. No meu caso, tenho muita dificuldade para comer, a forma que eles fazem a comida não é nada apetitosa, então, passei fome. Nossa equipe viajou para o interior da China, onde nem mandarim eles falavam, e sim dialetos. O inglês deles é difícil de entender. Lá, fizemos uma série de reportagens com a maior mulher do mundo, o menor chinês do mundo e outras matérias que ainda irão ao ar pela Record.

Qual a matéria que você orgulha-se de ter feito?

A matéria da chinesa (a maior mulher do mundo) me orgulha muito pela questão pessoal. A dificuldade do idioma, do acesso até ela, enfim. Foi no nosso último dia na China e confesso que já estava cansado e com saudade de casa. Depois que eu vi a matéria pronta, percebi que não poderia ter contado aquela história de outra forma e me orgulhei de tê-la feito. Contei aquela história com a verdade. Essa mulher tem um tumor na cabeça, tem pouco tempo de vida e não fiz a matéria dessa forma, ao contrário, preferi retratar a força dela, o seu sorriso e brincar com ela.

Quando cheguei naquela casa, eu senti que ela ria, que o olho dela brilhava e aquilo foi me dando uma conexão com ela. Recebi críticas dizendo que estava muito leve para o assunto que era. Às vezes, a gente recebe crítica de colunistas, de especialistas, mas o respaldo do público é o que realmente importa. E foi esse carinho do público em relação a essa matéria que me deu a certeza de que fiz um bom trabalho, e que realmente eu não poderia ter contado essa história de outro jeito.

Como você é longe da tevê?

Sou uma pessoa caseira. Gosto de assistir novela, sair pra jantar, cinema. Sou reservado, sonhador, romântico

Como você se descreveria?

Me vejo como um menino que quer usar o dom para ajudar de alguma forma. O médico pode ajudar fazendo cirurgia, o empresário fazendo doações e dando emprego, e eu quero sempre falar o mais próximo do coração daquela pessoa que eu estou entrevistando e fazer com que a vida dela se transforme, e que quem está vendo também seja transformado.

Algo a acrescentar para os nossos internautas?

Às vezes sonhamos muito e por muitas vezes dá um desespero e a gente se pergunta: “Será que sonhei demais na vida?” Mas as coisas vão acontecendo quando a gente acredita em Deus, trabalha, faz o bem. Quem gosta de sonhar, sonhe, mas faça o bem, porque quando a gente faz o bem, Deus vê lá de cima e nos abençoa aqui embaixo.

FONTE: ARCA UNIVERSAL