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sábado, 5 de março de 2011

Emerson Ramos


Por Elliana Garcia / Foto:Antonio Chahestian
O jornalista e apresentador Emerson Ramos, de 39 anos, já ganhou o prêmio Wladimir Herzog junto com a equipe do Jornal da Record, com uma matéria sobre o esquadrão da morte. Em entrevista ao Portal Arca Universal, ele nos fala sobre seus quase 20 anos de carreira, os bastidores de suas matérias e como o amor e alicerce de sua família o transformaram em um homem que acredita que sua profissão é uma missão onde pode levar conhecimento e informação para as pessoas.
Conte-nos um pouco de sua história.
Nasci no Rio Grande do Sul e tive uma infância muito bacana. Sou filho de uma dona de casa e de um representante comercial que me deram uma educação baseada no amor e nos bons princípios, para que eu não desistisse das coisas que eu queria conquistar e trilhasse um caminho correto. Isso me dá suporte na vida. Tenho boas lembranças de um tempo em que a gente podia brincar na rua, jogar futebol com amigos – embora não jogue bem. Hoje, não deixamos os filhos ficar nem na frente de casa.
Quando decidiu ser jornalista?
Como muito jovens eu tomei a decisão perto do vestibular. Eu gostava de ler, escrever, e procurava estar sempre informado por meio de jornais, revistas, rádio. Devido ao meu interesse por informação, pensei em fazer jornalismo. E da faculdade para frente fui me apaixonando pela profissão. Comecei a fazer estágio na rádio da universidade. Depois fui para um jornal impresso e em seguida comecei em televisão, como repórter da TV Bandeirantes, em Porto Alegre.
Você atua há quase 20 anos como jornalista. O que você aprendeu ao longo desse tempo?
Todos os dias você encontra e conhece pessoas diferentes, vive situações inesperadas, emocionantes. Isso enriquece como profissional e como pessoa também. As experiências pessoais que o jornalismo traz são gratificantes, e isso é diário.
Das matérias que você já fez, cite as mais emocionantes.
Eu gosto muito das reportagens que mostram histórias de superação. Há uma reportagem que me marcou bastante, que é a de uma professora de ballet em Campinas, no interior de São Paulo, que montou um projeto para ensinar ballet a crianças da periferia. Ao final do curso, elas se apresentavam em um teatro. Ver aquelas crianças pobres apaixonadas pela oportunidade de dançar, e encontrando no ballet uma maneira de melhorar a autoestima, percebendo que podiam fazer arte, foi emocionante demais. Acompanhei o início das aulas dessas crianças e a apresentação delas no final. Essa reportagem foi premiada e me marcou muito.
Outra matéria marcante foi em 1996, quando acompanhei uma pessoa que, toda noite de Natal, se vestia de Papai Noel e saía distribuindo presentes aos moradores de rua. Ele trocava parte da festa dele para ajudar crianças e pessoas nas ruas. E ver as crianças com o rosto brilhando quando recebiam um presente dele foi gratificante. Por outro lado tinha também o desprendimento desse homem, em esquecer de si próprio para levar alegria e sonho a pessoas que ele sequer conhecia.
Que tipo de matéria é difícil de fazer?
O repórter tem que manter uma objetividade quando está cobrindo os fatos. Mas a gente se emociona como qualquer pessoa. Eu me emociono muito com histórias que envolvam crianças. Principalmente depois que me tornei pai. Tenho um filho de 2 anos e 8 meses, então, qualquer matéria que envolva tragédias com crianças é sempre difícil de fazer.
Daria para traduzir o que o jornalismo representa para você?
Eu tenho orgulho de ser jornalista. Acho que a gente tem uma missão importante, como revelar para as pessoas algumas verdades que elas talvez não soubessem sem o jornalista. Fazer uma denúncia quando você descobre uma irregularidade, por exemplo. Acho que eu construí tudo na minha vida a partir dessa profissão. Conheci a minha mulher no jornalismo. Amadureci como pessoa, no meu jeito de ser. O jornalismo é uma parte importante da minha vida.
Você apresenta o programa Arquivo Record, na Record News, que mostra como era o começo da tevê brasileira. Conte-nos como é apresentar esse programa e o que ele representa para a história da televisão?
Fascinante. É um programa que resgata momentos históricos da televisão brasileira. Programas de humor, jornalismo, festivais. É a possibilidade de conhecer muitos detalhes da tevê brasileira que eu também não conhecia. Acho que o Arquivo Record tem o mérito de ser um programa que emociona pessoas que viveram alguns daqueles momentos; emociona os telespectadores que acompanharam programas antigos e ao mesmo tempo mostra aos mais jovens coisas que eles não vivenciaram.
Do que você tem saudade?
Tenho muita saudade do meu pai, que faleceu. Hoje, sou pai e sigo o exemplo dele para ser o melhor pai para o meu filho. Meu pai e minha mãe me deram ferramentas, valores, amor, educação, para que eu pudesse fazer o que eu quisesse na vida.
Tem uma atitude do meu pai que jamais esquecerei: ele sempre enfrentou as crises sem resmungar, sem ficar deprimido ou reclamando da vida. Ele estava sempre disposto a resolver um problema. Vi meu pai se virar para que nunca nos faltasse nada. Eu penso muito em transferir essa linha de conduta para o meu filho, de ser esse pai para ele. Significa passar valores e dar a melhor educação que eu puder, para que ele cresça com senso critico, com curiosidades, vontade de se informar e que consiga condições de tomar decisões na vida. E, se Deus quiser, boas decisões.
Como você avalia o telejornalismo atual?
O telejornalismo está vivendo um momento interessante de ser menos formal, de se aproximar mais ainda da linguagem do dia a dia das pessoas, uma linguagem mais próxima da realidade delas. Nesse processo de fazer um telejornalismo mais informal, interessante e mais moderno, acho que a Record está inovando. Está fazendo essa transição de um telejornalismo quadrado e sisudo para um jornalismo mais perto do público, mais humano, mais próximo das pessoas.
Que conselho você deixa para quem quer seguir essa profissão?
Se informar, assistir telejornal, acompanhar rádio, ler livros, buscar a informação de todas as maneiras. Segundo conselho é não pensar no jornalismo como apenas uma forma de projeção pessoal. O objetivo é querer ser jornalista para ter boas histórias para as pessoas, para ajudar as pessoas a entenderem melhor o que está acontecendo em volta delas. Revelar situações que talvez elas não saibam. Jornalismo tem muito mais transpiração, esforço, horas e horas de trabalho. Saibam que o jornalismo é trabalhar todos os dias, muitos feriados, muitos finais de semana. É uma profissão onde a pressão é diária, onde o erro pode prejudicar a vida de alguém. Se você errar o dia do rodízio de carros (na capital paulista), por exemplo, muitas pessoas irão com seus carros para as ruas e serão multadas. Pode prejudicar vidas dando uma informação errada. Então, é se preocupar em apurar os fatos, em passar a informação correta e se dedicar bastante.
Qual mensagem você deixa para os nossos leitores?
A mensagem é que você deve sonhar, ter objetivos, traçar metas e não desistir diante das dificuldades. Olhe para as dificuldades como um aprendizado. Não desista quando elas aparecerem. Mas se, porventura, tiver que parar por conta de um obstáculo, não pense que está tudo perdido. Transforme isso em uma lição. A gente aprende na vida principalmente quando erra. É nas crises que enxergamos soluções que não são visíveis quando está tudo maravilhoso. E se algo não deu certo, não acabou, não é o fim. Talvez aquela oportunidade fosse um atalho. E às vezes, é preciso percorrer todo o caminho.
FONTE: ARCA UNIVERSAL

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