Odete Roitman (Beatriz Segall) pode ser a maior tirana de Vale Tudo, mas Marco Aurélio (Reginaldo Faria) - presidente da TCA, empresa aérea da milionária na trama - ganha dela, com certeza, no quesito de vilão mais cruel.
Em entrevista ao R7, Reginaldo Faria, no ar na reprise da trama de Gilberto Braga no canal a cabo Viva, diz que o personagem, interpretado por ele há 22 anos, é o grande papel polêmico de sua carreira.
Não só pelo comportamento repulsivo – ele não tem papas na língua para humilhar seus funcionários e tampouco dó ou piedade da ex-mulher alcoólatra, Heleninha Roitman (Renata Sorrah) –, mas pela "loteria" de tê-lo vivido numa fase, segundo ele, de “regime político decepcionante”.
- Todo mundo quando assiste novela espera uma história água com açúcar, mas Vale Tudo não era nada cor-de-rosa. Como um empresário foge do país, roubando milhões de dólares, participa de um assassinato e sai impune?
Vale Tudo, de 1988, conta a história de Raquel Accioli (Regina Duarte), mulher batalhadora que leva um golpe da filha ambiciosa, Maria de Fátima (Glória Pires), sob o clima dos primeiros anos de abertura política do Brasil. Para Faria, o enredo, que falou rasgadamente da descrença da população na época, teve uma função social plausível por isso.
- Aquela "banana" que o Marco Aurélio dá no último capítulo, ao fugir, era a vontade de muito brasileiro! Vivíamos um regime decepcionante, com inflação de 20%, 30% ao mês. Ele foi uma ferramenta para eu dar a minha contribuição social.
De acordo também com o ator, o folhetim não perdeu a atualidade.
- Você percebe pela trama da novela que ela não está datada. Continua contemporânea. Eu levei 30 anos para conseguir um personagem como aquele e acabei me esbanjando.
A última novela de Reginaldo na TV foi Paraíso (Globo), em 2009. Atualmente, ele finaliza, em Porto Alegre, o filme O Carteiro. Faria é diretor do longa-metragem, que conta a história de um menino que viola as correspondências em uma cidade no interior onde a internet ainda não chegou.
FONTE: R7
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