Planeta água

Um longo trabalho de análise a respeito do nível do mar do litoral, realizado pelo Laboratório de Marés e Processos Temporais Oceânicos (Maptolab) do Instituto Oceanográfico (IO) da Universidade de São Paulo (USP), constatou que o avanço tem sido de 4 milímetros por ano – cerca de 40 centímetros (cm) por século. A partir de séries de medições, que começaram em 1980, as análises dos dados são feitas por médias de variações diárias, sazonais e anuais, que permitem estimar a variação local de longo prazo.




De acordo com o professor Afranio Rubens de Mesquita, pesquisador do Maptolab, são enormes as dificuldades para se fazer essas aferições em caráter global. Uma delas são as poucas estações no hemisfério sul e os poucos recursos financeiros, que não permitem que medições de salinidade e de variação da temperatura da água sejam feitas ao longo da profundidade oceânica. Com esses dados, segundo o especialista, seria possível estimar a razão com que, na atualidade, se dá a incorporação de água doce na região decorrente do degelo polar.



“Não há recursos para realizar essas medições todo ano e de forma contínua. Nossos pedidos de verba junto a órgãos financiadores são constantemente negados, e isso atrasa o andamento e a qualidade das nossas análises e pesquisas sobre as variações do mar”, lamenta o professor.



As aferições do nível do mar da Costa Brasileira são feitas em estações permanentes, distribuídas ao longo da costa por diferentes instituições: Instituto Nacional de Pesquisas Hidroviárias (INPH), Diretoria e Navegação (DHN) da Marinha do Brasil, Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e o próprio Instituto Oceanográfico, que realiza, além das medições permanentes nas estações de Cananéia e de Ubatuba, no litoral sul de São Paulo, análises de caráter não permanente em oceano profundo, ao longo da plataforma continental.



As pesquisas feitas pela equipe do professor Mesquita, publicadas em 2009, mostram um movimento de afundamento vertical da costa na ordem de 0,11 cm por ano, fazendo com que o nível do mar suba 0,38 cm no mesmo período. “A variação de 0,38 cm por ano é preocupante e ameaça as praias, talvez, de toda a costa brasileira”, conclui o pesquisador.





FONTE: ARCA UNIVERSAL