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sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Primeira mulher a entrar para a Academia Brasileira de Letras completaria 100 anos no próximo dia 17 de novembro

Dia 4 de novembro de 1977. Em pleno fervor do feminismo, a escritora Rachel de Queiroz é nomeada para ocupar a cadeira de número 5 da Academia Brasileira de Letras (ABL). A notícia deixou as integrantes do movimento animadas, já que poderiam usar a eleição da cearense, então com 66 anos, como uma espécie de bandeira da causa.




Mas a reação de Rachel foi um verdadeiro banho de água fria nas feministas: “Eu não entrei para a Academia por ser mulher. Entrei porque, independentemente disso, tenho uma obra. Tenho amigos queridos aqui dentro. Quase todos os meus amigos são homens. Eu não confio muito nas mulheres”, disse na época.



A personalidade era uma das marcas desta grande escritora, que desde os 16 anos exercia a profissão de jornalista, sob o pseudônimo de “Rita de Queluz”. Anos antes, por conta de uma forte seca que assolou o estado Ceará, Rachel e sua família tiveram que se mudar para o Rio de Janeiro e, posteriormente, para Belém do Pará. Essa experiência foi fundamental para que ela escrevesse seu primeiro romance, “O Quinze”, que aborda a luta dos nordestinos contra a miséria. A obra a tornou reconhecida em todo o País.



A preocupação com as questões sociais e políticas motivaram sua entrada no Partido Comunista (PC). Os problemas com a Esquerda começaram em 1932, quando foi fichada como "agitadora comunista", pela polícia política de Pernambuco.



Mas a ingerência dos membros do partido sobre sua obra fez com que ela se afastasse da militância. Os comunistas tentaram impedir a publicação do livro “João Miguel”, devido a uma passagem em que um operário mata outro. Resignada, ela não aceitou a censura e abandonou o PC. Logo em seguida, se mudou para São Paulo, onde se aproximou dos trotskistas, também esquerdistas.



Com a decretação do Estado Novo, em 1937, Rachel de Queiroz foi presa, acusada de subversão, e seus livros foram queimados. Dois anos depois, fixou, definitivamente, residência no Rio de Janeiro. Ainda em 1939 publicou seu quarto romance, "As Três Marias", que foi agraciado com o prêmio Felipe d'Oliveira.



Já na década de 1950, "Lampião", sua primeira peça para o teatro, foi encenada no Rio de Janeiro e em São Paulo. A montagem foi laureada com o Prêmio Saci, em 1953. Quatro anos depois, a ABL conferiu à escritora o Prêmio Machado de Assis, pelo conjunto de sua obra.



Simpatizante da Ditadura Militar, ela passou a integrar o Conselho Federal de Cultura, em 1967. No fim dos anos 1960, lançou "O Menino Mágico", sua primeira obra infantil. Já em 1975 é publicado "Dôra, Doralina", que chegou a ser editado na França e foi adaptado para o cinema, em 1981.



A eleição para integrar a ABL aconteceu no dia 4 de novembro, justamente 26 anos antes de sua morte. A vitória sobre o jurista Francisco Cavalcanti Pontes de Miranda se deu por 23 votos a 15. Ela passou então a ocupar a cadeira número 5, fundada por Raimundo Correia.



Depois de um hiato de obras de impacto, Rachel de Queiroz lançou, em 1992, “Memorial de Maria Moura”, que fez muito sucesso. No ano seguinte, recebeu o Prêmio Camões, espécie de Nobel da língua portuguesa.



Com a colaboração da irmã Maria Luiza, lançou seu livro de memórias, “Tantos anos”, em 1995, e "Não me Deixes - Suas histórias e sua cozinha", em 2000. Por conta de seu aniversário de 90 anos, foi presenteada pela ABL com a exposição "Viva Rachel".



A morte foi silenciosa e, provavelmente, sem dor. Rachel de Queiroz faleceu dormindo em sua rede, no dia 4 de novembro de 2003, na capital fluminense. Uma das mais importantes autoras do século 20 surpreendeu a todos ao dizer que não gostava de escrever. Imagina se ela gostasse?

FONTE: ARCA UNIVERSAL

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