Ela sempre se sentiu solitária. Quando criança, percebeu-se sozinha, impotente. O desejo de ter uma família grande nasceu daí: da necessidade de ter muita companhia; da vontade de reverter o que considera hoje uma infância problemática.
A norte-americana Nadya Suleman tem 36 anos. Trabalhou em um hospital psiquiátrico até engravidar de oito crianças de uma única vez, o que lhe rendeu o apelido de “octomãe”.
A obsessão por crianças a fez realizar um tratamento de fertilização in vitro, mesmo já tendo outros seis filhos. O sonho de família grande havia se realizado com perfeição. Nadya recebeu várias propostas de entrevistas, aparições em programas de tevê, participação em reality shows. Em pouco tempo, a “octomãe” virou celebridade, passando a receber presentes e fraldas de diversas partes dos Estados Unidos. Até que passou a ser questionada quanto à capacidade de ser mãe, de criar, com a mesma perfeição do sonho realizado, os seus 14 filhos.
Nadya dizia e insistia que sim, era capaz. Mas o pai dela, Ed Doud, no programa da jornalista Oprah Winfrey, pediu a todos que não culpassem os netos pelo “comportamento irresponsável” da filha. Apesar de amá-la, diz ter lá suas dúvidas quanto à saúde mental dela. Tudo o que deseja, porém, é que Nadya tenha uma vida normal, longe de flashs e holofotes e mais próxima dos filhos. Que termine os estudos e comece a trabalhar para sustentar as crianças e a si mesma.
Quando as crianças nasceram, a felicidade logo de imediato pareceu-lhe arrebatar o coração. Afinal, tantos filhos assim preenchem a solidão de qualquer mãe que pensa estar só. Mas parece que o sonho de Nadya, pouco a pouco, demonstra sinais de ruínas. A cada choro de um bebê, menos um compartimento do castelo de areia da mãe se sustenta. Solteira e desempregada, não sabe agora como criar as crianças.
“Ela nunca quis se casar”, lamenta a mãe de Nadya, Angela, que tampouco concorda com a atitude da filha em ter tantos filhos assim. Ela conta que, com um pouco mais de 1 mês de gestação, já era possível observar cinco fetos, e diz que a filha poderia ter optado pela redução seletiva, mas, obcecada por crianças desde a adolescência, recusou-se. E os óctuplos nasceram em 26 de janeiro de 2009, em Bellflower, Califórnia.
Vontade de morrer
Por ter problemas para engravidar, Nadya quis aproveitar todos os embriões congelados que restaram das tentativas de gravidez frustradas. E depois que todos eles foram usados, a mãe dela comemorou por não ter sobrado mais nenhum.
Em 1999, Nadya sofreu de depressão. Feriu-se em uma manifestação no hospital psiquiátrico onde trabalhou de 1997 a 2008, o que prejudicou sua saúde emocional.
Hoje, ela se tranca no banheiro para chorar suas culpas. Uma delas é a de ter tido tantos filhos. Apesar de dizer que os ama, não sabe como cuidar de tantos bebês, dar atenção aos outros e ter tempo para si mesma. A outra é por desabafar que sente nojo deles e por chamar os seis filhos mais velhos de “animais”. A justificativa é a falta de “tempo de criá-los” e a dificuldade em manter o controle sobre eles, sobre a criação e a disciplina.
“Eu odeio bebês. Eles me dão nojo'', disparou ela, ao ser entrevistada pela revista In Touch. Nadya já pensou até em se matar.
Esse é o perigo de se ter muitos filhos e não olhar as consequências. Esse é o risco que muitas crianças correm depois que nascem e descobrem que são enojadas pelos pais e, de certa forma, mal-vindas em algum momento da vida.
Os problemas de Nadya, porém, estão apenas começando. Sem a presença de um pai, como educar de forma completa 14 crianças? Os problemas financeiros dela também estão apenas no começo. A casa onde mora está com as prestações atrasadas há meses. O homem que lhe vendeu o imóvel está tomando medidas para tirá-lo de sua posse. E nem importa quem esteja dentro, se há ali crianças completamente inocentes.
O pior é que só aumentam as dúvidas quanto à Nadya sobre a sua capacidade de cuidar dos filhos. E essa dúvida paira na cabeça dos norte-americanos desde o momento em que os oito nasceram. Até o Conselho Médico da Califórnia já abriu uma investigação para apurar se os padrões de cuidado foram violados, durante a fertilização in vitro que ela fez.
Sem falar que, de acordo com o Ministério da Agricultura dos Estados Unidos, o custo para criar essas 14 crianças até os 17 anos pode ser de até 2,7 milhões de dólares, se uma mãe for solteira, como é o caso de Nadya.
Agora, por não ter dinheiro para pagar escola para os filhos e sequer alimentá-los, ela participa de um reality show de namoros na tevê norte-americana. Quer, com isso, ganhar dinheiro para poder sustentar as crianças e a si mesma.
FONTE: ARCA UNIVERSAL
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