Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, o autor Lauro César Muniz confessou que pretende fazer uma campanha por novelas mais curtas.
Ele começa nesta semana a convidar colegas como Aguinaldo Silva, Silvio de Abreu, Gilberto Braga e Manoel Carlos para uma campanha contra o que considera uma ameaça à sobrevivência das novelas no Brasil.
"O processo industrial está acabando com a qualidade e a solução é cortar pela metade o número de capítulos."
Lauro, responsável por sucessos como "Roda de Fogo", "O Salvador da Pátria", "Cidadão Brasileiro", entre outros, diz que as novelas foram tomadas por um "fordismo", em referência ao norte-americano Henry Ford (1863-1947), criador de técnicas para a produção em série.
"Hoje um autor de novela não senta no computador para criar histórias. Ele virou um distribuidor de tarefas."
Até meados dos anos 90, quase todos os autores davam conta de, sozinhos, escrever uma novela inteira. Depois, exaustos, passaram a chefiar grupos de roteiristas que redigem os capítulos.
Na avaliação de Lauro, isso aconteceu em razão da mudança no ritmo das novelas. "Antes, as histórias podiam ser mais lentas. Hoje, com a pressão da disputa por audiência, acredita-se que o público exige muita ação, cenas fortes que chamem a atenção a todo o momento."
Segundo ele, é inviável segurar uma história assim sozinho por oito meses, tempo em que os mais de 200 capítulos da novela vão ao ar.
A ampliação do número de colaboradores, avalia Lauro, fez com que "a autoria se perdesse". "Isso acontece também na direção. Grande parte das cenas fica com assistentes do diretor. Perde-se, assim, a unidade estética."
FONTE: PLANETA TV
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