Por Elliana Garcia / Fotos: Demetrio Koch
Dizem que o baiano é bem-humorado e feliz, e João Santos não foge à regra. Nascido em Feira de Santana, no interior da Bahia, ele não deixou que as dificuldades o impedissem de visualizar um belo futuro. Aos 42 anos de idade, casado e pai de 2 filhos, o apresentador dos telejornais Record News SP, Hora News e Direto da Redação pelo canal Record News, e apresentador folguista do Jornal da Record, da TV Record, falou aoPortal Arca Universal das dificuldades que enfrentou, de como a sua fé lhe ajudou na caminhada e como consegue, mesmo em meio às tempestades, enxergar a vida com olhar de esperança.
Fale-nos de sua infância.
Meus pais eram operários e tenho mais três irmãos. Nasci em uma família simples. Aos 9 anos perdi o meu pai e aos 14 a minha mãe. Desde cedo eu queria trabalhar, e aos 15 anos surgiu a oportunidade em uma emissora de rádio da minha cidade. Sempre fui curioso por esse veículo de comunicação. O engraçado é que em minha casa nunca tínhamos tido um aparelho de rádio.
E a sua ida para a televisão como aconteceu?
Fui para Salvador trabalhar em rádio e uma produtora me chamou para um teste de vídeo para uma campanha eleitoral. Passei nesse teste, fiz a campanha e a minha imagem ficou forte em Salvador. Depois fui convidado para apresentar um telejornal na TV Educativa. Fiquei lá por 11 anos, até receber o convite para integrar o time da Record News em São Paulo, onde estou há quase 4 anos.
Você foi um garoto pobre, que sequer tinha um aparelho de rádio em casa, e hoje a sua imagem é vista em várias partes do mundo. Como você analisa isso?
Olha, as pessoas podem até achar piegas, mas é a fé que me move. Eu acredito muito em Deus. E essa fé não está em ação apenas nos momentos bons. Ela está, principalmente, nos momentos difíceis. E o que é ter fé? É acreditar. Eu passei muitas dificuldades. Morei em pensão. Cheguei a dormir em banheiros por não ter onde passar a noite. Sabe o filme “À procura da Felicidade”, com Will Smith? Me emocionei demais com ele, pois vi a minha vida retratada ali. Eu vejo o mover da mão de Deus na minha vida. Sempre fui muito confiante, muito otimista e tinha a certeza de que, na hora certa, tudo se reverteria ao meu favor. Então, quando olho para a minha vida hoje, só tenho o que agradecer a Deus por tudo o que Ele fez por mim.
Como manter o otimismo diante de uma realidade onde não se vê nenhuma premissa de que algo irá mudar?
Aí é que está a confiança. O acreditar, ter fé. É nas horas de dificuldades que devemos exercitá-la. E foi nesses momentos difíceis que mais procurei me alicerçar, ter base para seguir em frente. Quando tudo parecia obscuro, eu enxergava com os olhos da fé. Não é fácil, mas todos que têm uma história de vitória para contar vão citar que foi nesses momentos de dificuldades que mais aprenderam a ter fé.
Você ouviu muitos “nãos” no decorrer de sua carreira?
Quando eu comecei em rádio, ainda no interior da Bahia, muitas pessoas me disseram que eu não teria êxito, pois não tinha o perfil de um profissional de comunicação. Realmente, eu estava começando, não tinha qualidade, mas tinha vontade. No decorrer da minha vida também. Só que eu sempre valorizei o pouco que me davam e me dedicava para fazer daquele pouco o meu melhor. Eu sou obstinado, persistente e com fé. E jamais deixei que qualquer palavra de derrota entrasse em meu coração, porque eu sabia do meu sonho, sabia o que eu queria: eu queria vencer, dar uma vida melhor para a minha família.
Você é um profissional de comunicação e diariamente tem que lidar com vários assuntos. Como você analisa tantas notícias de violência, por exemplo?
Olha, a nossa sociedade está vivendo uma inversão de valores. Falamos da violência vista na tevê, mas ao nosso redor não fazemos nada para mudar. É preciso, antes de tudo, desarmar nosso espírito, respeitar o nosso semelhante. E esse respeito é ser educado, é dar um “bom dia”, é se colocar no lugar do outro, se importar com ele. Por outro lado, é preciso valorizar a família. A família está se desintegrando. Elas não se encontram, não se reúnem, não conversam. Até por conta da internet. Cada um chega em casa, come alguma coisa sempre com muita pressa e vai para a frente do computador. As famílias não conversam mais. Muitos se falam mais virtualmente do que pessoalmente. Infelizmente, a única coisa em comum que as famílias têm hoje é a chave de casa. Claro que oferecer conforto é essencial, mas o amor, o diálogo, o exemplo, é melhor do que tudo. Quem dá exemplo, quem conversa, quem demonstra afeto não sofre mais tarde.
Como você é com a sua família?
Sou casado pela segunda vez. Tenho um filho de 20 anos do primeiro casamento e um de 5 do meu segundo casamento. A escolha da pessoa com quem você vai casar é importante, porque é alguém que estará ao seu lado, te dando o ombro amigo nas horas de dificuldades e te incentivando com palavras para você seguir em frente.
Fazendo um retrospecto de sua vida, você se considera um vencedor?
Eu sou uma pessoa de muita fé. O que eu sou, de onde vim, onde eu estou. Claro que existe um sonho, uma vontade, uma determinação, mas se não fosse a mão de Deus, eu não teria conseguido. Deus cria condições para que as coisas aconteçam na sua vida. Eu me considero um vencedor por nunca ter perdido a esperança, nunca ter desistido, por sempre ter acreditado. É um orgulho a minha história, de quem passou por tantas dificuldades e conseguiu o seu lugar ao sol. Não dá para exemplificar essa sensação. Mas ainda tenho muitos sonhos. Estou sempre sendo renovado. Quando eu comecei em televisão me perguntaram quanto eu queria ganhar. Eu não tinha a mínima noção de quanto se ganhava e comecei a trabalhar sem definir o salário. Então, nunca coloque o seu sonho à frente do dinheiro. Muitas vezes o caminho para que aquele sonho se torne realidade pode não ter retorno financeiro, mas se você acredita nele, tem que continuar.
Já que em sua vida sonhos tornaram-se realidade, que recado deixa para os nossos internautas?
Que não desistam do sonho. Quem pode alimentar o sonho é você mesmo. Em alguns momentos, a gente tem que deixar alguns de lado porque existem coisas mais urgentes. Mas de vez em quando vá lá, tire a poeira, não deixe seu sonho adormecer. Não tenha sede de chegar ao pote. O importante não é a velocidade, e sim o primeiro passo. E à medida que for caminhando, se encontrar dificuldades, tire os olhos delas e foque no que você almeja.
FONTE: ARCA UNIVERSAL
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