Apesar da dificuldade, o resultado foi bastante positivo. Inicialmente prevista para terminar em outubro, a trama escrita por Walcyr Carrasco atingiu índices de audiência expressivos – com médias de 33 pontos e picos de 35, e comparativamente se saiu melhor do que “Viver a Vida”, novela do horário nobre. Como resultado, o autor precisou esticar a história e o protagonista enfrentou todo tipo de infortúnio. “Aconteceu coisa até demais!”, diverte-se. “Começou com ele descobrindo a filha depois de adulto, foi preso… teve de tudo. O Walcyr é muito criativo”, derrete-se ele, que já havia trabalhado com o dramaturgo em “Alma Gêmea” e “Sete Pecados”.
Nesses oito meses em que a novela está no ar, como foi a recepção do público?
Foi muito legal, e continua sendo. Tanto de mulheres quanto de homens. Recebo muito elogio de homem, na rua; dizem “pô, você tá pegando a Flávia!”. Mas isso nada mais é do que o público se identificando com o personagem. À medida que se identifica, se sente no papel do Gabriel ficando com a Dafne.
Você fez seis novelas nos últimos cinco anos. Pensa em descansar com o final de “Caras & Bocas”?
Agora vou dar um tempo sim. Esse processo foi natural, é uma coisa que tinha de acontecer mesmo agora. Em cada novela que fiz, fui aprendendo muito. Fui evoluindo, acho, tanto na qualidade da interpretação quanto no exercício da minha profissão. Foi muito importante, para mim. Mas está na hora de dar um tempo para me reciclar.
Seus personagens sempre tiveram perfis semelhantes. Como fazer para diferenciá-los, na construção?
Em tevê, costumam aproveitar ao máximo o que deu certo uma primeira vez. Tenho pensado muito em qual vai ser meu próximo papel, para não cair na cilada de fazer algo parecido com o que já fiz. Porque todos eram personagens muito brigões, muito turrões e broncos. Eu não podia perder as oportunidades de trabalho – então, mesmo eles tendo essas mesmas características, eu fiz. E também porque eram ótimos personagens, claro. Mas tive de encontrar uma maneira de fazer um bronco diferente. Acho que consegui. Ao mesmo tempo, já estou praticamente sem saída para conseguir fazer um outro. (risos)
A ideia de trabalhar só com teatro no ano que vem, fazendo a peça “Mente Mentira”, do Sam Sheppard, tem a ver com isso?
Acho que fazer alguma coisa no teatro vai me dar oportunidade de adquirir mais bagagem. Uma peça é outro tipo de exercício, dá a oportunidade de se exercitar mais a fundo, de se aprofundar nos temas, de fazer uma pesquisa mais consistente. A tevê não dá tempo para isso – não estou dizendo que isso é bom ou ruim, é só uma característica. Como o teatro dá outras oportunidades, vai ser importante para o meu trabalho. Para eu voltar com outro tipo de bagagem, com mais experiência.
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