Programas que retratam ídolos da música, reconstituindo, de quebra, um período da História do país, costumam fazer sucesso na televisão e não é difícil entender os motivos. O espectador que viveu aquilo fica seduzido por uma nostalgia natural. Isso inclui o prazer de apontar o que está “igualzinho” e também os deslizes quase inevitáveis em qualquer produção deste porte. De “Dalva e Herivelto”, por exemplo, já ouvi, entre outros comentários, que os carros que aparecem na TV são antigos demais para a época, que Benedito Lacerda não tinha bigode e Herivelto Martins jamais cantaria, feliz, “Amélia” de Ataulfo Alves, samba que ele detestava por ter roubado o carnaval que “Praça 11” teria ganho sozinho e não empatado. Outros, como o leitor Albano Soares, defendem: “Emocionante a beleza plástica, a fidelidade dos fatos, a coreografia honesta e os figurinos impecáveis. Só mesmo quem conheceu e frequentou sabe o que foi o Cassino da Urca antes seu fechamento pelo governo Dutra”. Albano conheceu.
Já a parcela mais jovem do público fica surpresa ao se sentir identificada com um passado que dava a impressão de ser muito remoto, mas, vendo assim, não parece tanto. Amor, ódio, interesse pela vida alheia e música — sabe-se lá em que ordem — moviam as plateias como hoje.
Não precisava ter os 40 capítulos de muitas minisséries. Mas cinco? É pouco.
PS: Na crítica ao programa publicada esta semana aqui no Segundo Caderno faltou citar Ana Maria Magalhães, que arrasou na produção de arte.
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