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segunda-feira, 28 de setembro de 2009

VEJA ENTREVISTA COM SILVEO DE ABREU AUTOR DE "PASSIONE" .POR DANIEL CASTRO



Para Silvio de Abreu, autor do primeiro time de novelistas da Globo, a televisão aberta terá no futuro que “competir mais acirradamente” com as novas mídias. Ele não acredita que o jovem, já conectado à internet, volte para as novelas. No entanto, diz que o interesse do grande público pelo gênero ainda não amornou”.
Abreu escreve atualmente as primeiras linhas de Passione, a substituta de Viver a Vida. Sobre a novela, adianta apenas que será uma mistura de “melodrama, humor e thriller”.
Nesta entrevista exclusiva ao R7, o autor lamenta a falta de “critérios” claros na classificação indicativa, que hoje pode, hipoteticamente, obrigar uma emissora a exibir às 21h uma novela originalmente veiculada às 19h.
Silvio de Abreu – Na minha opinião, o número de televisores ligados diminuiu, o que fez diminuir todas as audiências. Porque se você observar vai ver que os “shares” [participações de determinados programas no total de televisores ligados] continuam altos.
Por outro lado, o menor número de ligados diminuiu em muito a audiência de outros programas que nunca tiveram o mesmo índice das novelas. Ou seja, mesmo diante de uma aparente queda, as novelas, principalmente a novela das 21h, continuam a ser o programa mais assistido em todo o Brasil.
Vou começar a acreditar que amornou o interesse do público nas novelas quando outros programas derem mais audiência. E lembre-se que, quando se diz que uma novela deu, digamos, 40 pontos, e outros programas semanais deram 35, a audiência da novela se refere a uma média de seis programas diários e o do programa semanal é de um único dia, o que faz uma enorme diferença.
As novas mídias e tecnologia ameaçam o futuro da televisão aberta?
Silvio de Abreu – Não sei se ameaçam, mas sem dúvida vão dividir o interesse do público. Imagino que no futuro a televisão aberta terá que competir mais acirradamente com outras mídias.
Aliás, a televisão já foi a vilã dessa história, quando surgiu no final dos anos 40, e diziam que ela desbancaria para sempre o cinema, ou quando o cinema surgiu no fim do século 19, e diziam que ele desbancaria para sempre o teatro. Acho que os modismos vão passando e que no futuro haverá lugar para tudo, como tem havido até agora.
É mais difícil escrever novela hoje do que nos anos 1980, quando você assinou sucessos como Guerra dos Sexos? Por quê?
Silvio de Abreu – Não é mais difícil, é diferente. Nos anos 1980 ainda tínhamos a Censura Federal e isso era uma grande dificuldade a ser transposta. Não se podia falar em adultério, personagens negativos não podiam ser simpáticos, a moral era controlada, a violência era proibida, não se podia falar de política etc etc.
Hoje temos a classificação etária na programação que nos obriga a sermos eternos vigilantes, porém, sem saber claramente que critérios devem ou não devem ser tomados. É muito difícil trabalhar assim, porque a qualquer momento podemos ter o trabalho proibido para determinado horário ou mutilado, apesar de continuarem afirmando que não é censura.
Por outro lado a produção hoje é muito melhor do que era nos anos 1980, a tecnologia se aprimorou e as nossas novelas conseguiram um grande prestígio internacional.
O trabalho de escrever aumentou muito. Antes uma novela pedia de 20 a 25 páginas de texto, porque os capítulos no ar eram mais curtos; hoje pede de 35 a 40 páginas, o que é quase impossível para um autor produzir sozinho.
Daí que o número de colaboradores aumentou, a maneira de desenvolver o trabalho modificou. Mas acredito que os autores que conseguiram passar para suas equipes o seu modo particular de pensar novelas continuam fazendo sucesso até hoje como fizeram na década de 1980.
O jovem de hoje é menos interessado em televisão aberta e, consequentemente, em telenovela? Como conquistar esse novo telespectador, seduzido pela internet, suas redes sociais e pelos vídeos on-demand?
Silvio de Abreu – Infelizmente, acho que quem está ligado no computador ou na internet vai continuar lá. Não acho que esse público venha para a novela, mesmo que a novela tente a mesma linguagem clipada que eles gostam. Na verdade, isso seria um grande risco porque a audiência de uma novela não pode ser segmentada, deve ser abrangente.
Deve agradar aos mais diferentes segmentos da sociedade, e temo que, ao tentar conquistar esses jovens, as novelas acabem esquecendo o seu principal público, que é mais fiel e conservador.
Tenho um bom exemplo disso com A Incrível Batalha das Filhas da Mãe no Jardim do Éden [2001], que era uma novela moderna, revolucionária. Pegou o público jovem, mas se esqueceu do público mais conservador, e o resultado de audiência foi dos mais decepcionantes

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