“Cheias de charme” entrará para a história como a primeira novela a trançar, de verdade, a televisão com a internet. Isso aconteceu com o lançamento — primeiro na web — do clipe das empreguetes. Os milhões de cliques obtidos no site da Globo.com, diretamente proporcionais à boa audiência na televisão, mostraram que o passo foi um acerto.
O pioneirismo nesse encaixe fino das peças do jogo potencializador entre mídias vai além da internet. “Cheias de charme” é campeã mundial de metalinguagem, e faz isso de maneira inovadora. A história de Filipe Miguez e Izabel de Oliveira bebe nos contos de fadas, mas, das princesas, aproveita apenas o arquétipo. Suas protagonistas desejam a felicidade para sempre, porém, nos moldes contemporâneos. E qual é uma das maiores expressões da consagração nos dias atuais, no Brasil, país em que a televisão tem uma força imensa? É, claro, fazer parte da própria televisão.
Portanto, quando Penha (Taís Araújo), Rosário (Leandra Leal) e Cida (Isabelle Drummond) “chegaram lá”, a expressão concreta do Éden recém-erigido na vida delas veio em forma de convites para programas de TV. Chayene (Cláudia Abreu) esteve no “Esquenta!”; o trio foi ao “Mais você” e ao “Faustão”, Rosário e Fabian (Ricardo Tozzi) visitaram o “Caldeirão”; Ana Furtado, do “Video show”, contracenou com as empreguetes. A equiparação das personagens da ficção a esses ídolos populares reais é um selo consagrador. Já houve concursos no “Caldeirão do Huck”, e no “Domingão do Faustão”, que premiaram o vencedor com um papel num folhetim. Mas esses foram acontecimentos extraordinários. O diálogo entre uma novela e o seu próprio suporte midiático jamais se deu de forma tão ampla e orgânica. Nunca antes na dramaturgia uma novela alcançou com tantos braços, mãos e dedos, e tamanha naturalidade, outros palcos
FONTE: PATRICIA KOGUT
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