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sábado, 5 de novembro de 2011

CRÍTICA: Temas repetidos em novelas



Como pudemos constatar no remake de “O Astro” — uma novela original dos anos 70 —, não é de hoje que a teledramaturgia investe na pergunta “quem matou?”. As histórias se repetem, e a dúvida se isso é bom ou mau vai se renovando também. Há hoje no ar pelo menos três tramas envolvendo prêmios de loteria: em “Fina estampa”, em “Aquele beijo” e em “Vidas em jogo”. Além disso, duas histórias estão tratando de reprodução humana, ainda que com abordagens bem diversas: “Fina estampa” e “A vida da gente”. A lista de semelhanças é longa, esses são apenas alguns exemplos.
Revisitar temas não é prerrogativa da TV brasileira. O “The New York Times” traz um artigo do crítico Neil Genzlinger em que ele se queixa da quantidade de partos nos seriados americanos. “Nas últimas semanas, assisti a pelo menos seis”, contabilizou ele, que reclamou ainda: “Se tivesse dinheiro, investiria no mercado de produtos relacionados ao controle de natalidade”. Genzlinger diz estar se preparando para outros nascimentos, enumerando as gestações que chegarão a termo nas novas temporadas de “Bones” e “Private practice”.
Há alguns meses, numa troca de e-mails, Maria Adelaide Amaral me disse que se interessa pelo assunto — a originalidade — “há décadas”. “Se as pessoas entrarem no Google e digitarem ‘Fedra’, vão aparecer inúmeras informações sobre as obras que essa personagem ensejou ao longo dos séculos. Também Shakespeare recorreu muitas vezes às crônicas italianas e, inspirado nelas, escreveu ‘Romeu e Julieta’ e ‘Muito barulho por nada’, e jamais escondeu esse fato”, escreveu ela. Maria Adelaide seguiu exemplificando e o espaço aqui é curto para reproduzir tudo. Ela encerra assim: “O gênio humano não se revela apenas na inovação, mas também quando revela novos ângulos ou confere novas formas a temas ou formatos já existentes e antigos”.
Basta assistir às novelas citadas acima para que o ponto que Maria Adelaide defende seja corroborado. A loteria de Aguinaldo Silva tem a assinatura dele, assim como a das 19h é a cara de Miguel Falabella. São essas diferenças que abastecem a curiosidade do público e o mantêm ligado.
FONTE: PATRICIA KOGUT

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