Longe das novelas desde 2007, quando esteve no elenco de “Paraíso tropical”, de Gilberto Braga, Renée de Vielmond é conhecida pela discrição. Raramente dá entrevistas ou se deixa fotografar. Em abril, o nome da atriz voltou a circular na internet por causa da morte de José Wilker, com quem foi casada e teve uma filha, a roteirista Mariana, de 34 anos. Os dois se conheceram nas gravações de “Anjo mau”, em 1976.
Renée conta que vem buscando, junto com a família de Wilker, a melhor maneira de disponibilizar para estudiosos de cinema e teatro “a magnífica coleção de livros e DVDs que ele meticulosa, apaixonada e disciplinadamente organizou ao longo de sua vida” e não poupa elogios ao ex-marido.
- O Zé é de uma geração que traçou a arquitetura de uma nova poética teatral. Faz muita falta sua vitalidade, inteligência, sensibilidade, maestria, competência e generosidade - diz ela.
A distância das novelas não foi por falta de oportunidade, ela conta.
- Recebo inúmeros convites, mas nem sempre são personagens para os quais eu me sinta adequada e, além disso, trabalhar em TV exige suportar o ritmo industrial.
Entre as produções às quais Renée disse não estão “Magnífica 70”, série da HBO que está sendo gravada, e a novela "Insensato coração", de Gilberto Braga (2010).
A atriz, de 61 anos, recebe o carinho de fãs saudosos (“agradeço todos os elogios, mas acho que recebo mais do que mereço”) e diz sentir falta de “tudo aquilo que a televisão tem de importante e bom".
- Mas não da exposição do artista a um tipo de curiosidade voraz e perversa - ressalva.
Renée interpretou, em 1971, no início de sua carreira na TV, a professorinha Juliana em “Meu pedacinho de chão”, da TV Cultura. Noremake de Benedito Ruy Barbosa que a Globo exibiu este ano, o papel coube a Bruna Linzmeyer.
- Que novela maravilhosa! Impecável, brilhante, original e criativa quando incorporou elementos do circo, da música e do teatro. E, assistindo aos capítulos, me lembrei, para meu espanto, de textos inteiros da Professorinha Juliana que pensei haver esquecido.
Sempre firmando contratos por obra certa na televisão para conseguir dar vazão a seus projetos pessoais e transitar entre diferentes áreas, a atriz cursou a faculdade de História da PUC-Rio no fim dos anos 1990.
- Continuo envolvida com os meus estudos. Quando prestei vestibular para a PUC, minha intenção não era construir uma carreira acadêmica. Acreditava, e continuo acreditando, que estudar é importante para tudo. É meu fio terra, me ajuda a me posicionar no mundo.
A decisão da filha Mariana pelo meio artístico não foi fácil, conta a atriz.
- Mariana cursou Psicologia e só depois teve certeza de que escrever era sua vocação. Ela se formou vendo os pais trabalhando em teatro, cinema e televisão. Aos dois anos, já se sentava ao lado do pai para ajudá-lo a colocar o papel carbono na máquina de escrever - diz ela.
Quando Mariana se profissionalizou como roteirista e escritora, escreveu para Wilker personagens em dois filmes: "Giovanni Improtta" e "Isolados".
- Ele ficou muito tocado e comovido.Era uma parceria construtiva, de um amor profundo,de cumplicidade.
NA ÉPOCA DE 'PARAÍSO TROPICAL', EM 2007 (FOTO: TV GLOBO)
RENÉE NO MAIS RECENTE TRABALHO NA TELEVISÃO, 'PARAÍSO TROPICAL' (FOTO: TV GLOBO)
RENÉE COM A FILHA MARIANA, ROTEIRISTA DE CINEMA E TV (FOTO: ARQUIVO O GLOBO)
RENÉE AOS 15 ANOS NO FILME 'COMPASSO DE ESPERA' (FOTO: ARQUIVO O GLOBO)
JOSÉ WILKER E RENÉE NA ÉPOCA DE 'ANJO MAU'; (FOTO: REPRODUÇÃO DA INTERNET)
RENEE DE VIELMOND E MAURÍCIO DO VALLE (FOTO: REPRODUÇÃO DA INTERNET)
FONTE: PATRICIA KOGUT
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