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segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Carlos Lombardi fala sobre a Globo, cortes na Record e tabus

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A praticamente um mês da estreia de "Pecado Mortal", sua primeira novela fora da Globo após 31 anos, Carlos Lombardi conversou recentemente com a Folha de S. Paulo sobre os motivos que o levaram a mudar de canal, os cortes na Record e tabus na dramaturgia.
 
Globo:
 
Em relação à Globo, Lombardi reconheceu a sua importância na história da emissora carioca mas que isso não foi relevante na hora de mudar de casa: "Sei que fui, junto de 20 autores e outros profissionais, uma das pessoas que construiu o padrão Globo de qualidade. Mas não estou com a mínima vontade de virar uma história do passado, me interessa mais o presente".
 
Ele também falou da vontade de voltar logo ao ar, já que sua última novela havia sido em 2007 ("Pé na Jaca"). De lá para 2012, autores como Walcyr Carrasco chegaram a emplacar quatro novelas. João Emanuel Carneiro fez duas. Lombardi, no entanto, nenhuma.
 
O autor chegou a apresentar as sinopses de "João ao Cubo", que primeiramente foi negada e depois teve de ser reformulada se fosse adiante, e o remake de "O Rebu", que está sendo resgatado e que será produzido em breve na faixa das 23h.
 
"Estava com pressa de fazer um projeto. E lá, o processo estava lento. Também queria mudar de registro. Fiz uma proposta maluca de uma comédia para as 19h, o "João ao Cubo". Seria o famoso clássico do cara com três mulheres, mas, em vez de três cidades, eram três épocas diferentes. Não sabia mais o que inventar. Não teve briga, não xinguei ninguém, estou muito velho para isso", constatou.
 
O aumento na burocracia da Globo foi um fator que Lombardi alegou como negativo na atual estrutura da empresa. O "esquadrão burocrático", nas palavras dele, é bastante diferente do da Record, onde está a "duas portas" do chefe.
 
Record:
 
Contratado da Record há um ano, Carlos Lombardi chegou em uma época em que os primeiros cortes começavam a ocorrer. O RecNov foi gradativamente esvaziado e, do momento de sua contratação para hoje, há cerca de 500 funcionários a menos. A alta cúpula puxou o freio nos investimentos. De duas novelas simultâneas, passou-se a ter apenas uma. As minisséries milionárias, por sua vez, cederam espaço para produtos de gastos mais enxutos e com a parceria de produtoras.
O autor entendeu o processo de reformulação, o qual está sendo adotado pelas concorrentes: "O que a Record fez foi redimensionar sua equipe. Alguém convenceu (a direção do canal) de que dava para produzir três novelas com pouco dinheiro. O país está numa semi-recessão. O dólar disparou. Ninguém bota muita fé na administração econômica do governo. Os negócios estão parados".
 
Mesmo tendo a novela mais cara da história da Record, "Pecado Mortal" não está sendo produzida com gastos descontrolados, como era de praxe em outras produções da casa. "Na novela, tive que reduzir a quantidade de gravações externas. Em troca, ganhei um estúdio".
 
Elenco:
 
Carlos Lombardi procurou escalar um elenco que priorizasse o casting atual da Record, que, apesar dos cortes, ainda é bastante extenso. Paloma Duarte, Betty Lago, Jussara Freire, Luiz Guilherme, Fernando Pavão e Simone Spoladore, por exemplo, já eram contratados da casa.
Outros poucos nomes de fora foram convocados, como o de Bianca Byington. Juliana Didone, uma das principais apostas, também foi contratada, mas seu compromisso é por obra e expira assim que a produção chegar ao fim.
 
"Tentei logo de cara escalar a novela com o elenco da casa. Jussara Freire, Betty Lago, Paloma Duarte já estavam lá. É óbvio que seria bom ter o Fagundes. Mas passei 31 anos na Globo e nunca trabalhei com ele", justificou o autor.
 
Audiência:
 
A queda na audiência da Record também é um fato real e reconhecido por Lombardi. Entretanto, ele diz que não tem a pretensão de assumir a responsabilidade de mudar o quadro rapidamente: "Houve uma queda real e clara de audiência na Record. Não tenho a pretensão de virar o jogo com rapidez. Vou correr atrás. O objetivo é voltar a ser vice-líder nesse horário, mas a longo prazo".
 
Tabus:
 
Por trabalhar em uma emissora pertencente à Igreja Universal, Carlos Lombardi procura evitar abordar a religião. "Eu sei que é muito difícil falar de religião na Record. (...) Então não estou mexendo nisso", constata.
 
Quanto ao beijo gay, apesar de já ter ocorrido, Lombardi não mostra a menor empolgação de abordar o assunto ainda que pudesse ter a liberação da Record para isso: "Beijo gay virou a Atlântida, um mito. Todo mundo fala que vai fazer, mas nenhuma empresa aprova. Mas beijo gay, nem discuto. Tem muita gente na fila".
 
Seriados:
 
Por fim, Carlos Lombardi falou sobre seriados na TV paga. O autor revelou que no contrato com a Record é permitido que trabalhe para canais fechados. Ele também revelou torcer bastante para uma mudança no quadro atual, já que considera a qualidade média das séries brasileiras como "baixa".
 
"Pagam cenário, figurino, mas odeiam pagar autor. Não vou ter saúde para escrever novelas daqui a alguns anos. Não sei como Manoel Carlos vai fazer uma nova, aos 80 anos. Torço para que esses seriados deem certo para que, daqui a uns anos, eu possa fazer também", finalizou.
 
Equipe:
 
"Pecado Mortal" será produzida com uma equipe já conhecida por Carlos Lombardi. A direção-geral é de Alexandre Avancini, com quem trabalhou no grande sucesso "Quatro por Quatro" e em outros produtos, como "O Quinto dos Infernos". "Kubanacan", encerrada em 2004, foi o último trabalho produzido pelos dois juntos.

Outro diretor escalado é Alexandre Boury, que fez "Guerra e Paz", de Lombradi na Globo em 2008. Parte do elenco já trabalhou com o autor nestes e em outros projetos.

FONTE: NA TELINHA

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