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segunda-feira, 10 de outubro de 2011

CRÍTICA: o sucesso da novela 'A vida da gente'



No ar há apenas duas semanas, “A vida da gente” já parece ter superado um de seus principais desafios: prender o espectador depois de um sucesso como “Cordel encantado”. A história de Duca Rachid e Thelma Guedes encantou o público com sua originalidade (entre inúmeras outras virtudes). Agora, Lícia Manzo, autora da atual produção das 18h, parece ter se dado bem com sua história realista. Os índices de audiência da última semana foram ascendentes (24 de média na segunda, 25, o recorde, na terça). 
A primeira razão do êxito, claro, é porque Lícia criou uma história bem amarrada. A segunda é que o novelão tradicional, desde que de boa qualidade, continua agradando. Vale lembrar ainda que a plateia dessa faixa, pesquisas atestam, é majoritariamente de mulheres adeptas dos enredos românticos. A impressão de que o espectador, depois de provar da mistura de Seráfia com o sertão, rejeitaria uma trama mais convencional era, portanto, equivocada.
Ingênua o bastante para ter a cara do horário, “A vida da gente” também discute temas pesados, como a maternidade precoce e as relações tirânicas intrafamiliares. Há duas personagens especialmente promissoras — e defendidas por atrizes de talento. Uma é Vitória (Gisele Fróes), treinadora devotada à causa do esporte, mesmo que por ela tenha que pagar qualquer preço. A outra é Eva (Ana Beatriz Nogueira), uma mãe com desvios de caráter, mas convicta de estar sempre fazendo o melhor por sua família.
Na semana passada, Eva solucionou o impasse que se apresentou com a gravidez inesperada da tenista (Ana/Fernanda Vasconcellos) com uma decisão duvidosa: registrou a neta recém-nascida como filha. As trivialidades em “A vida da gente”, às vezes, ganham um tom de filme de horror. Foi assim na cena em que Eva surpreendeu Ana com seu bebê no meio da noite. Tomou a criança dos braços da filha atleta e a despachou para a cama, para descansar. Em seguida, começou a ninar a menina ao som de “Boi da cara preta”. Além de suas atitudes arrepiantes, as falas de Eva apontam para um certo desequilíbrio que indica que “A vida da gente” não é tão caretinha como parece à primeira vista.

FONTE: PATRICIA KOGUT

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