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sexta-feira, 26 de julho de 2013

‘Amor à vida’ é o título mais cerebral da história das novelas

Klara Castanho e Paolla Oliveira em cena (Foto: Estevam Avellar/ TV Globo)KLARA CASTANHO E PAOLLA OLIVEIRA EM CENA (FOTO: ESTEVAM AVELLAR/ TV GLOBO)
As razões pelas quais ninguém mais fala no dossiê contra Félix (Mateus Solano) em “Amor à vida” intrigam o espectador. Foi estranho também o fato de o segundo exame de DNA de Paloma (Paolla Oliveira) e Paulinha (Klara Castanho) ter sido feito justamente no Hospital San Magno, onde não há câmeras e transar no elevador sem ser notado é tão fácil quanto trocar resultados de testes genéticos.
Mas o que mais deixa embatucado o público da novela é o seu título. “Amor à vida”? Por que cargas d’água, criatura?, como indagaria Félix.
A história não pode ter sido batizada numa alusão a ele. O personagem é um infeliz em todos os aspectos. Vive trancado no armário, odeia o filho, se sente desprezado pelo pai (que de fato não o tem em alta conta). Com medo de a sobrinha ficar com a fortuna da família (outro ponto mal explicado, já que a herança dos pais seria dele e da irmã), roubou a criança de Paloma logo depois do parto e a atirou numa caçamba de lixo. Não ama a vida, ama?
Também Paloma não é muito fã da própria existência. Perdeu a filha, é preterida pela mãe e não dá sorte no amor. O mesmo se pode dizer de seu ex-namorado, atual desafeto, Bruno (Malvino Salvador). Ele queria ser advogado, mas não conseguiu concluir o curso. Ganha a vida como corretor de imóveis, nada a ver com suas ambições profissionais verdadeiras e guarda um terrível segredo, o da adoção ilegal de Paulinha.
Onde ele mora também ninguém ama a vida. Mais que isso: Valdirene (Tatá Werneck) e a mãe (Elizabeth Savala) dedicam 100% de suas energias à ideia da mobilidade social pelo casamento. Como não têm sucesso nunca, vão levando como dá, comendo cachorro-quente, descolando um pastel no bar de Denizard (Fulvio Stefanini). Vida dura.
Entre os ricos, a coisa não é diferente. Nicole (Marina Ruy Barbosa) está à beira da morte. De nada adiantam o figurino rococó e a cenografia cheia de veludos de sua casa de órfã milionária. Ela só tem o falso afeto de Thales (Ricardo Tozzi), que, junto com a namorada, Leila (Fernanda Machado), quer arrancar seu dinheiro.
Ainda entre os pares infelizes não se pode deixar de citar o não ata nem desata de Patrícia (Maria Casadevall) e Michel (Caio Castro). Ela foi traída na lua de mel pelo marido (Márcio Garcia). Depois de muito relutar, se envolveu com outro só para descobrir que o sujeito é... casado. Já a amiga dela, Perséfone (Fabiana Karla), também não pode ser considerada alguém com amor à própria existência. Levando em consideração o axioma “sexo é vida”, o caso é grave. Perto dos 40 e sem nunca ter sido levada para a cama, se deixa até chicotear diante da possibilidade do desencalhe. Mas nem assim.
Quem recorre à canção de abertura, “Maravida”, em busca de alguma luz segue no breu. “Quero o meu peito repleto/De tudo o que eu possa abraçar/Quero a sede e a fome eternas/De amar e amar e amar e amar/Vida, vida, vida”. Como diria Zé Ramalho, devem ser mistérios da meia-noite.
FONTE: PATRICIA KOGUT

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