Dei alguns passos em direção a sua mesa, e com a respiração presa, entreguei a minha carta de demissão a ele.
Soltei a respiração.
-- O que é isso?
-- A minha carta de demissão.
-- Você só deve estar brincando comigo, não é? – Ele tentou sorrir.
-- Puta que pariu, mais essa!
Ele levou a mão ao rosto.
-- Estou indo embora de São Paulo.
-- Eu me lembro muito bem que quando disseram que eu assumiria essa empresa, você ficou com muito medo deu te mandar embora, porque você tinha acabado de comprar o apartamento! – Despejou ele nervoso.
Por que ele estava nervoso?
-- Agora você chega com essa cara, me entrega a carta de demissão, e ainda me dá um pé na bunda, é isso?
-- Nós não temos futuro. Eu sou de um país, você é de outro. Somos diferentes em tudo!
Ele saiu de trás da mesa, e sem nenhuma calma foi me pegando pelo braço.
-- Sou eu que decido quando acabar!
-- Como? – Arregalei os olhos.
-- Desculpe, não foi isso que eu quis dizer, é que... – Ele me abraçou. – A minha cabeça está fervendo, Nabi. E tudo o que eu menos preciso, e terminar o nosso relacionamento. Eu não quero terminar com você.
-- Não era isso que você queria?
-- Não.
-- Então por que você me parece tão preocupado?
-- Nabi, você não tem nada pra me contar? – Ele me encarou duramente.
Fiquei nervosa com aquele olhar duro dele.
-- Contar pra você? O que eu teria para contar pra você?
-- Caramba, eu queria que você me contasse!
-- Eu não sei o que você está dizendo.
-- Não sabe mesmo?
-- Não. Não sei.
-- Eu sei porque você está se demitindo, por que está me dando um pé na bunda, e porque quer ir embora de São Paulo.
-- Sabe? – Um nó se formou em minha garganta.
-- Sim.
Ele me empurrou para cima da sua mesa. Seus olhos sobre mim fazia a minha pele arrepiar.
Sua boca perto da minha, era por demais tentadora.
-- Eu sei que você está esperando um filho meu, Nabi.
Paralisei. Como ele sabia?
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