Em “Caminho das Índias”, Luci Pereira era Ondina, empregada doméstica que vivia uma relação de amizade e implicância com o patrão, seu Cadore (o grande Elias Gleizer). Ela tinha um bordão, “ô velho abusante!”, e a ligação dos dois navegava entre o cômico e o enternecedor — tendendo mais para o afeto. Agora, em “Salve Jorge”, também de Gloria Perez e dirigida por Marcos Schechtman, ela é Creusa, mais uma vez, empregada doméstica. Seu núcleo é vitorioso na novela e reúne Giovanna Antonelli e Alexandre Nero num gato e rato que deu certo. Tão certo que Creusa se tornou o terceiro elemento na vida conjugal deles. Muito melhor que triângulo amoroso: é uma intromissão carinhosa, sem tensão.
Faz pensar que aquela crença antiga de que “fulana só faz papel de empregada” significaria que ela iria entrar em cena apenas para servir um cafezinho já era. E olha que em “Salve Jorge” há muitos atores aparecendo pouco. Não é nem de longe o caso dela.
O papel é uma repetição? Em termos. O figurino, de novo, é um eterno avental — e o sotaque, paraibano e legítimo, igual. Mas a rabugenta Ondina e a doce Creusa são bem diferentes. Em comum têm um ponto-chave que explica por que ambas ganharam o coração do público: uma relação de amizade com os patrões que ultrapassa as barreiras sociais.
Quem acompanha a carreira de Luci sabe que ela começou a fazer teatro aos 13 anos em Campina Grande, onde nasceu. Já foi premiada no cinema, na categoria atriz coadjuvante, no Festival do Audiovisual de Pernambuco, por “Narradores de Javé” (de Eliane Café). Aliás, Luci estreou na televisão em “Amazônia”, também escrita por Gloria e dirigida por Schechtman. Que ela fique muito tempo por aqui
FONTE: PATRICIA KOGUT
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